terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Guerra Dos Mundos

Sentado em frente a TV,
Nas mãos um livro lido ao meio,
Coisas boas ficam fora de ordem,
Parece que ninguém pode escapar;

E do nascer até morrer
Esta vida nos seduz e nos induz:
É um adeus casa, adeus amigos,
Depois, outra vida nos compara;

E onde estaríamos nós
Mais perto um do outro se não
Lá onde deveríamos ter ficado?

Eu quis esticar os braços
Só pra tornar amores possíveis
Um atalho dentro do teu coração;

Mas já não tem mais importância,
A meu modo...Está tudo certo:

Não se trata de apagar o passado
- Eu espero realizar suas vontades -
Pois ainda sou o mesmo sem você;

E que todo dia traga então
Na garoa fina, doce melancolia:
Luzes ao que é uma nau errante
E a escuridão finita na claridade;

E nos finos grãos de areia
Que o relógio ainda não moveu,
O quê a quem bem você quiser,
Se o queres, que só vejas alegria;

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Monnalise

Destes dias e seus acasos
De nós tão pouco restará:
Como é que vamos explicar
Quem éramos aos que virão?

Mas entre tantos pesares
Alguma alegria nos iguala:
Disfarça a falta que nos faz
O que já nos pôde acontecer;

E de quem olha pra você,
Do que você queria ouvir
Talvez agora possa lhe falar,
Ou seja mesmo o teu reflexo;

Será que vamos conseguir
Sem passar a vida a limpo,
Sem tentar só uma vez mais?

Qual é o gosto da esperança
Nessa beleza cada vez mais rara?

Qual é o segredo escondido?
E esse sorriso em minha direção?

Então espera, não resista:
Aceito teu desejo manifesto
Traz com ele as tuas verdades,
E tão nova a cor da tolerância;

E o futuro que nos venha
Ao coração então empenhe
Um velho costume de ser feliz
Justo com o pouco que se têm;

sábado, 22 de novembro de 2008

Todas As Manhãs Do Mundo

E se você dormisse,
E se teu sono revelasse:
O cansaço de teus lábios,
Quem chega indo embora?

E que você sentisse
Tanta falta e acordasse:
E fosse como outras vezes,
Que fica difícil de respirar?

Será que vai acontecer
Quando tudo nos levar
Além-mar em novos sonhos?

E quando tudo aportar
Na ilha de um amor-perfeito?

E você sempre a pedir
Quase o mesmo até o fim,
Ainda não consegue ver:

Perder a vida num segundo
É o alto preço pra quem ama;

É a verdade que se entrega
Nas mãos de quem se devora;

Acenda todas as luzes,
Não há nada errado aqui:
De tão fácil é complicado
Que a gente nunca aprende;

Já não podemos parar
E nada vale uma traição:
Às vezes não se pode evitar
Um certo ar de quem desiste;

domingo, 9 de novembro de 2008

Elegia

Acho que era o não saber:
Eu quis ser senhor de mim
E me perdi em idéias e ideais,
Ou por qualquer meia ilusão;

E se não era por merecer,
Eu tentarei me acostumar:
Pois se o acaso nos assombra,
O que é que poderia ser pior?

De meus amigos e amores
Me sobrou a lei mais forte:
O tempo não anda para trás
Quando tudo o mais mudou;

E aquele garoto do retrato
Agora tem uma outra chance:
É uma nova vida já tão velha;

Mas o que é feito de você?
Do que é que você foi feita?
O que fez com o que de ti fizeram?

Eu não esperava me importar,
Mas não aprendi como se esquece:
Será que vai ser assim - pra sempre?

Acho que ainda é um querer:
Eu quis ver e reter você aqui,
Eu me sinto cansado de mentir
Pra que me achem sempre bem;

Mas então venha o que vier,
Há tantos vazios a preencher;
Boas e más pessoas no caminho:
Poucos sabem do que nos falam;

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Beatriz

Se não há nada ao redor
É que algo já não vai bem:
Veja o que de mim sobrou,
O que sou em tua memória:

Sou um homem comum
Vivendo um dia incomum,
Seguindo lento na multidão
Que não vê flores no asfalto;

E através da rua principal
Eu leio os anúncios de neon:
Em nenhum o que buscava,
Como um Dante no inferno;

Quem é teu guia?
Sempre adiante - o que te leva?
Os que despertam são amores:

Que vêm e vão e nos socorrem,
Que vêm e vão e nos condenam;

Aqui no meu esconderijo
Da porta a chave se perdeu,
E ela lá fora ainda em espera
Como quem diz - queria viver

Sei...Estou meio atrasado,
Aperto os passos no escuro:
Aceso o fogo-fátuo da paixão
Do que sinto não verei objeção;

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Man On The Moon

Qual era o nome da cidade,
Quantos eram os teus amigos?
Olho o relógio, é sempre tempo,
Mas à vezes é um lapso de solidão;

E numa bela tarde de Abril
Chegou o Outono e a tua vida,
Sem adeus, seguiu em seu cortejo,
E por aqui ficou tudo como antes;

É só depois de tudo pronto
Que se tem certeza do que se trata,
Que se salta o abismo do não falar;

Eu vivo agora o que é o meu presente,
Mas guardo em mim o que sempre fui
A respeito do que você costumava ser;

Você com sua ânsia de viver
Chegou até onde podia chegar,
Não me pergunte ou se decepcione
Do por que das coisas serem assim;

Você foi alguém pra outro alguém,
E do fascínio teve fruto teu desejo,
E não importa se por alguns segundos
Ou pouco menos do que muitos anos;

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Quadrinhos

Quem vai dizer do que passou,
Diversão como em livros e jornais
Que vão revisitar nossa história:
Quem chega olha tudo que existiu;

Às vezes é o nada, só inspiração,
E quantas pessoas por ti pintaram,
No fino traço, toda sensibilidade,
Que faz de nós tudo o que somos?

Estamos sempre tão apressados,
Já não voltamos páginas viradas,
E parece que assim sempre será
Um sonho dentro de outro sonho;

Mas você acordará antes de todos,
Num dia nublado e um tanto frio,
Só pra descobrir tudo tão normal;

É sempre assim, minha menina,
Eu diria que te amo, é bem verdade,
Mas nos perdemos em mil silêncios;

Então fique...Fique um pouco mais:
É preciso voar longe no mesmo lugar;

Talvez não existam mais heróis,
E se não há mais motivos pra lutar
Quem só esperava o não morrer,
Vê teus braços num gesto impreciso;

É de nossas vidas que eu tenho
Orgulho e lembranças pra contar:
O que valeu vem no teu interior
Criar o amor que vai te perseguir;

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Letter For A Girl

Querer estar acima de tudo
Já não tem sentido porque
Quando as luzes se apagam
Se torna igual toda a escuridão;

E você pode até nem notar
Que um dia tudo se desfaz:
Porque as coisas vêm e vão
Sempre atrás de uma perfeição;

E enquanto isso, viveremos:
Eu já não penso em fracassos,
Eu quero apenas um segundo
Pra te mostrar de novo o mundo;

Eu quero apenas te entregar
A tua força, a tua face mais fiel,
O teu mais belo sonho colorido;

Será que é difícil pra você aceitar
Que quando se descobre amar alguém,
Mesmo que não se possa manter
Ainda assim, sempre se lhe têm amor?

Quem depois de tantas infâncias
De si não é capaz de achar graça,
Ficará nas sombras da insegurança,
À mercê dos dias, nas teias do tempo;

E o mesmo intento se perceberá:
Todos buscam por sua liberdade;
Mas de que adianta estarem livres
Se passam as horas matando tempo?

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ambos Mundos

Esquece, pra que explicações?
O temor ao que se desconhece
É o que a todos não tem sentido:
É só o fim do começo da história;

E do que se fez se traz o bem,
Pra não mais fugir da realidade:
Você precisa é de amor próprio
Assim como eu preciso renascer;

Pois um dia, sei que vamos ter
Um dia perfeito e sem disfarces,
O rumo certo, sem tolas soluções,
E na boca seca os lábios saciados;

Estar por perto já me faz feliz,
Mas hoje sou eu quem vai partir:
É hora de recolhermos os dados;

Será que havia um outro jeito?
Será que nos dirão “vão em paz”?
E que tudo não passou de ficção?

Mas não...
Passamos longe do lugar comum
E lá estava o que mais ninguém viu:

Dois estranhos numa terra estranha;
Anjos descuidados com uma missão;

Cada passo pra nós foi o bastante:
Nossa solidão então se desprendia
Feito cinzas que ardem sob o vento,
Como areia vazando entre os dedos;

Mas do que se fez se extrai o mal
Pra que nos sirva como uma lição:
O teu maior desejo ainda realizarás
Da mesma forma que não esquecerei;

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Lost

De tudo o que nos aconteceu,
Não foi acaso e nem acidente:
Estes dias e noites consumidos
E ninguém nos pediu a conta;

Eu quis fazer um pouco mais,
Mas não era hora, e agora sei:
E daqui até onde você chegar
Eu só espero te saber segura;

E não vou mais me entristecer
Só pra então deixar assim ficar:
Clarear essa luz já quase morta;

Você quis levar tudo na saudade
Como quem precisa de desculpas:
Mas o que te importa na verdade?

Você teve o mundo aos seus pés:
E quem se importou de verdade?

Um dia a mais é só um dia a menos
E o teu desejo não segue conselhos;
Agora a tua alma não vê os perigos:
Nos poupa a sorte não ver inimigos;

Diga que sim, ainda que sintas tarde:
Vai acabar bem o que mal começou;
Pois é preciso se ter muito mais valor
Pra chorar, amar, do que jamais tentar;

domingo, 7 de setembro de 2008

Angeline

E já não podemos mais parar:
Por que esperam algo de mim
- Se não há lírios sobre a neve -
E andamos sempre tão sozinhos?

Está frio aqui, você não sente?
O erro visto nas horas recentes
- Vestígios de uma velha era -
A nos assustar por quase nada?

E em cada manhã do mundo,
Esperamos que essa vida curta
- Outra de nossas vidas tantas -
Nos leve pra um melhor lugar;

E nos negue qualquer tristeza
- Que não passe de má sorte -
Não se ter mais nada para dar;

E perto demais nós somos distantes,
E pra onde vai essa independência?
Pra onde vai nosso nômade coração?

Qual é a tua idade, qual é o meu dever,
O que dizer, o que nos resta pra fazer,
Se nem todos fazem juntos tal viagem?

E o que é estar do lado errado
Pra quem quer julgar tua decisão?
- Deixe pra lá o que não presta -
Quando nada impedir a tua volta;

E se não há nada, nem ninguém:
Saia de dentro dos teus devaneios
- Que não mentem ser só tua -
A falta de bom senso e coragem;

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Ladrões De Tempo

De tudo que se conheceu,
Agora vês toda diferença,
As coisas boas são tão breves:
É só o fim da sua infância,
Mas você nunca tem certeza;

E o que ficou de tudo isso
Nós esquecemos de lembrar:
Que não pode ser segredo
Então ser feliz do nosso jeito;

Esqueça o medo teu amor;
Ainda que pareça improvável
O hoje repete a sina dos mortais:

Maquiado no rosto das pessoas
Há um sonho que se fez fugido;

E dentro dos olhos das pessoas
Há uma vida que se quer eterna;

De tudo aquilo que se leva
Pra o que não se pôde ter
Venha ser só um dia perdido:
Pra que toda nossa alegria
Não seja apenas verdade falsa;

E se nada mais aconteceu:
Guarde o coração todo o valor
De nossas almas impedidas;
De nossos beijos incompletos;

sábado, 23 de agosto de 2008

Serenade Avennue

A chuva quer ir embora
E nos espelhos d’água
O amanhã já começou:
Sentado à beira do caminho,
As pessoas passam apressadas;

E eu guardo memórias
Sem nenhuma lucidez,
Que incendeiam minha vida:
Amores em curtas-metragem;

O que fizemos pra ser assim,
E qual será o próximo passo,
Quem será a próxima vítima?

Mas você e seu sorriso franco,
Seus cabelos negros ao vento,
O que busca que não tem em si?
Será que pensa que não existiu?

E a cidade ficou abandonada,
Já não somos quem se diverte
Por estas ruas nas madrugadas:
Hoje esquinas separam mundos;

E pra ti há uma nova intenção
E pra mim só a mesma ilusão;
Se aqui ficam os versos tristes,
Pra ti ficarão palavras sem juízo?

domingo, 10 de agosto de 2008

Polaróides

Andando em círculos

Somos partes de um todo,
Todos com suas verdades,
E cada um com sua solidão;

E quem não quer amar
Pode querer viver de amor?
O quanto se pode suportar
O susto de um olhar negado?

E em todo novo dia
Eu teria um mundo pra você;
E mesmo sem poder,
Você traria o mundo até mim?

E ao meu lado sorriem
Os anjos que nos cuidam:
Mas tudo bem - não faz mal,
Se ficarmos bem - não é real?

Há sempre tantas coisas a fazer
Que a presença em nossas vidas
Passa a ser apenas uma ausência:
Mas o melhor de nós é tão novo;

Segue adiante um velho coração,
Rezando que você possa acolher:
Que eu até possa já não merecer,
Mas acredite - estarei precisando

domingo, 3 de agosto de 2008

Little Kate

E depois do fim dos dias
Aqui do outro lado do sol
Boas novas nos chegam de lá,
E nos trazem sonoras alegrias,
Qual profecia enfim cumprida;

Do que foi feito ficou o bem,
E da falta só levamos embora
Incertos, inquietos, momentos:
Os pequenos pecados sinceros;

É a vida - e a vida sempre vence
Amar, viver, morrer é um pacto:
É sempre a vida que nos escolhe;

E ao fim nós estaremos prontos;
Ao chegarmos perto - e descobrir
O futuro é maior que o presente;

E ao lembrar longe a despedida
Ver que o adeus não virá jamais;

Então ausentes por tempo demais,
Distantes de onde queríamos estar:
Acho que era mesmo por nós dois,
Aqui chegamos - não tem mais volta

Esqueça tudo que você pensa saber,
Pois pode ser que tudo se faça inútil:
O que é mais preciso do que tomar
À força da vontade, toda felicidade?

E enquanto o relógio corre a não parar,
Afortunados são os minutos de espera:
É assim que tudo começará...Outra vez;

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Tempestade E Ímpeto

Acorda:
Você mudou,
Mas espera que eu
Fique sempre igual;

Escuta:
Do que partiu,
Os abraços partidos
Não estão mais aqui;

Acorda:
Ninguém errou,
Que todas as coisas
São desejos e ilusões;

Escuta:
De quem te viu,
Os dias entrelaçados
Serão para sempre;

E já é tempo
De uma nova ordem
Trazer alívio a esta dor;

E deve ser
Tão intensa que fará
Das trapaças, esperanças;

O coração que se quer livre
Vive, corre, mesmo indefeso,
Contra sermões, deuses e ateus;

Vai ver que isso é que é amor:
E será que faz sentido pra você?

sábado, 21 de junho de 2008

Vozes

Como é ter os pés no vazio,
O que é que te tira do sério?
O que fez a tua consciência
Ser tão surda a tantos gritos?

Um brilho estranho ao olhar,
Quer pro nada, pra ninguém,
Traz à tona o que é capricho:
O ter além do que não se quer;

Quase nada, qualquer alguém,
Em cima de uma corda bamba,
É como gelo posto pra derreter;

Certas coisas que nos perdem
Às vezes são idéias que se calam:
Apareça - que hoje eu vou estar
Um pouco mais quieto e te ouvir;

E por vezes são desejos intactos:
Então espera - não demora
E esse silêncio vai se consumir;

sábado, 14 de junho de 2008

Marianne

Vem, venha mais perto
,
Aqui não tem ninguém;
Vem mostrar se de fato
Você guarda um encanto;

E que a gente ainda usa
As mesmas velhas roupas,
Pra abrigar imensos atos,
E sorrir sem fazer de conta;

Vem, o que nos toma são
Ecos de uma vida passada,
Que amarram fortes laços,
Que de novo nos abraçam;

E se teu corpo nos acolher
Ficará a solidão extraviada,
E das mágoas se fará conforto
Pra exaltar a nossa redenção;

Não vá embora:
Aonde você quer chegar?
Não peça as horas:
Que amar não te atrasará;

Quando se perde o controle
É tão fácil ser outro alguém,
Mas não faça disso um vício
Pra ter em alta conta tal poder;

E de ouvir mal ditas palavras

O nosso barco à vela espera
Que hoje a maré seja a favor,
E que nos leve pra outro lugar;

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Amores Distantes

E até onde você deveria ir,
Fazendo marcas no asfalto
Com as pessoas agora presas
Em belas, velhas, fotografias?

Quantas coisas por merecer,
Voar mais alto que o chão:
E desse jeito, quase sempre,
Ninguém consegue nos achar;

É o que da vida se cumpriu
Pra tornar calmo o descuido,
Como num fim de tempestade;

Mas se você percebeu antes,
Não se incomode - eu entendo
Não pare pra ouvir de alguém:

Não quero ver você longe daqui,
Eu não queria ser você sem mim;

Este é o agora de nossas vidas,
Pra de novo termos e sermos
O que dela nós já perdemos;
Pra de novo sermos e termos
O que ela de nós ainda espera;

E como leste no livro que te dei,
Somos feitos de barro e coração:
Basta apenas que exista um sonho
E a vontade de dar asas ao sonho;

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sonata De Agosto

Era tão nosso
O que se foi:
Está sem atenção
O que era especial;

E será que vai
Valer a pena,
Se muitas vezes,
Barcos ficam à deriva?

E dia após dia
É sempre igual:
Nada muda por aqui;

Você até tentou
Mas não conseguiu:
Eu ainda lembro de você;

Então o que nos resta
É a falta do que nos consome;

Algo assim tão raro,
Como espelhos sem imagens;

Eu não vi você partir
Nem pra onde você foi,
E se era pra ser, venham
As cores e dores do amar;

E que entre elas tenha
Uma tarde ensolarada,
Que sempre te aqueça
Assim que o frio te visitar;

Eu quero que você saiba:
Eu sempre olharei por ti,
Eu sempre olharei para ti;

terça-feira, 3 de junho de 2008

Labirintos Urbanos

A porta aberta,
Tinha mesmo que ser assim?
Os lábios mudos,
Eu não sabia que eram meus;

Qual é a prece
De quem te leva pelas mãos?
Olhe pros lados,
A lua dorme pro sol nascer;

E o mais difícil
É o ser feliz quando se quer,
O que há de errado,
Se não há mais nada a fazer?

E pode ser:
Que a desordem dos teus beijos
Traia a honra e o sentido;

Não importa:
Que o vestígio dos teus passos,
Eu não siga tão de perto:

A tua pele, o teu suor, a tua alma,
São minha sombra neste deserto;

Ainda há tempo,
E com você o que é que virá?
Eu ouço boatos
De que os anos te cansaram;

E um recomeço
É um teu anseio não chorar;
Não pare agora
Que grama cresce sob pedras;


sexta-feira, 30 de maio de 2008

O Sétimo Selo

Há tantas almas por salvar,
Há tanta fome de viver:
Se é pra ter o que não preciso,
Aonde vai a minha estrada,
Até onde vai meu egoísmo?

Você não é mais deste lugar
Mas eu ainda gosto disso:
De te ver sentar perto do fogo
Pra jogar xadrez com a sorte,
Pra fugir da dança da morte;

Mas o que irá nos purificar,
Dos tais pecados do querer:
Será a força do que está escrito,
Será então a farsa por si mesma?

E quais juízes nós vamos ter:
A nobreza de uma nova crença,
A loucura de qualquer proeza?

Andando entre ambos mundos,
O que há de errado na tua voz?
Se não basta, mais uma palavra:
Acha mesmo que está acabado?

Por quantas vezes você flertou
Com coisas simples e a ilusão
De quem te disse ser a verdade
Tudo o que não compreendias?

E quantas vezes você duvidou,
E sem saber seguia em frente:
Sem saber por que acreditava ,
Sentia longo o caminho de volta;



quinta-feira, 29 de maio de 2008

O Ser E O Nada

A vida quase sempre desmente
O que mais se quer acreditar,
Mas nada disso importa no fim:
Na guerra, há paz pra se vencer;

A pressa é pouco pra se entregar
Ao que além de ti alguém verá,
E o que te faz feliz também trará
As flores do bem e o ter razão;

Mas mesmo assim, junto a mim,
O apelo de uma chance tardia,
De se ter uma nova imperfeição
Com o sorriso em teu olhar;

Já que você não pôde ir embora
E como crianças a gente chora,
Reze por respeito e pelo desejo
De ser leal e não crer defeitos;

Às vezes é de amor e de sombras
A felicidade impensada de um tolo,
Mas quem pode dizer o que é certo:

Quem é que vai nos dar as armas,
Quem é que vai nos dar proteção,
Será que ainda vamos ver fascinação?

Estamos às voltas com tantas faltas,
Ideologias, em um planeta em caos:
O tédio e o pavor em cada esquina,
Dias que parecem ter horas a mais;

E há poucos nomes pra você chamar
Ao voltar à praia do que era o teu mar:
Mas mesmo que você ainda demore,
Sempre terá o dia depois de amanhã;

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Tardes Em Viena

E mais uma vez no teu
coração
Aquele sonho em cores abstratas,
Imagens moldadas pelo tempo,
Que nem mesmo ele pode apagar;

Mas se tudo parece fora de ordem,
Um dia você vai parar pra pensar:
A vida, a morte, têm a mesma face
Nos dois lados das nossas moedas;

E você julga que já está decidida,
E não faz justiça se não for vivido;
Eu não sei por que prefere esperar
Que o acaso tome conta do destino;

E de cada estranho que te encontrar
Vai ouvir a mesma história e saber:
Se o amor não tem medo de errar
Quem é você pra tão cedo se perder?

A vida nos entrega e não lamenta,
E o tempo segue sem envelhecer:
Aos dias de ontem, talvez um adeus,
Aos dias de amanhã uma saudação;

Os anos podem consumir a magia
De que são feitos os nossos sonhos,
Mas do sopro sussurrado de um anjo
Saem os compassos de uma nova valsa;

As luzes se acendem na velha cidade,
Nos Cafés vidas alheias passam por ti:
Pra onde é que você vai depois daqui?

terça-feira, 27 de maio de 2008

Joan Of Arc

Não há a quem culpar:
Ninguém pode escapar
Da luta, a fé e o prazer;
Das chamas que ardem,
Sob o signo dos enganos;

Somos mesmo ciganos,
Sempre longe de tudo,
Mas tudo ainda é igual:
Como as gotas de chuva
Nuas nas ruas do mundo;

Mas tudo é sempre igual:
Quem resiste à tua falta,
À tua fala, ao tolo perdão?

Palavras vazias e todos os dias,
Você me fez quase entender
Que viver é sofrer e ver alegria;

Às vezes andar entre loucos
Que nos clamam a verdade
É como estar quase curado,
Lado a lado, no mesmo passo;

E tão bom poder suportar
Se ninguém sabe o que fazer,
Se ninguém sabe o que temer:
Pagar o preço, juntar os pedaços;


quinta-feira, 22 de maio de 2008

Justine

Você foi mais longe e então
Mudou pra não viver em vão,
Mas olhe bem pro que restou
Será que eu vou ter que gritar:

A ninguém cabe tua liberdade,
E o caminho parece o infinito,
O que reclamam tuas memórias
- Saudades do que ficou pra trás? -

Não é inveja, mas o que sinto:
São lembranças que eu tenho
Ou apenas minha imaginação?

Vem me ensinar como é fingir
Ter deixado marcas sem sentir,
Me diz - qual é mesmo a diferença?

A tua casa tem paredes rumo ao céu,
Tuas janelas reluzem vidros de cristal,
Mas teu olhar e teu sorriso sem igual,
Deste lado da rua, parecem com você;

E se você pudesse, tentaria outra vez?
Juntaria as folhas que caem pelo chão
Num mosaico feito de carinho e amor:
Um presente feito pra jamais esquecer?

terça-feira, 29 de abril de 2008

De Novo Pra Você

Há tantos segredos pra decifrar
Ao começar uma nova história,
E quem é que vai ter com a razão?
E qual o gosto que vamos lembrar?

Há milhões de sonhos sem dono,
E dentro de mim, onde está você?
Eu te quis menos do que merecias
E muito mais do que pude suportar;

E se seu pudesse arrumar um jeito
Pras coisas que eu deixei pro final,
Será que ainda assim eu acreditaria
Que afinal era tão fácil, era só amar?

E mesmo que eu pudesse acreditar
Será que você ainda pode prometer
Que a gente ainda vai se reencontrar?

Só não me diga que você já esqueceu
- Que foi só uma miragem, não foi real -
Perdoe-me certas coisas, não foi por mal;

E quando o fim do dia surge vermelho
O que é que existe além do horizonte?
Estamos famintos e ainda assim corretos,
E o inverso quase sempre é incompleto;

Será inútil tentar em minutos recuperar
O tempo perdido e o sangue derramado?
O que importa, não sou único, isso eu sei:
Há tantos, quantos, só esperando sua vez?

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Mademoiselle Grace

Mais uma noite sem dormir,

E com tanta gente ao redor,
Vagando na palma das mãos,
Atrás da luz no fim do túnel,
A face oculta, a ambição fatal;

Ela já perdeu os sentidos
Mas ninguém deu atenção,
E acham que está tudo bem;
Dizem que o mal é passageiro,
Que não é preciso explicação;

E no meio de tanta diversão
Ela não pode ver que eu sigo
Sempre atrás de todo mundo,
Fazendo mil versos pra solidão;

E quantas vezes foi tarde demais,
Mas ninguém pode ser culpado
Se o amor foi ensinado errado;

Quantas vezes você quis ter mais,
E eu não percebi que ias chorar,
E eu não percebi que ia acabar;

As horas passam depressa,
E com tanto ainda por dizer,
As pessoas parecem manequins,
E você é um soneto de tristeza;

A vida passa bem depressa,
Quase não dá pra perceber,
O que você faria se soubesse
Como tudo isso iria acontecer?

O que você faria se pudesse
Tocar alguém com tua gentileza?

sábado, 12 de abril de 2008

Jardim De Inverno

Eu já passei por tantas coisas
E eu posso fingir que nada vi,
Eu posso mentir que nada sei,
Mas há sentido de tudo isso?

Um mero erro desde o início
E a gente junta o que não têm,
A gente tenta o que não quer:
Talvez não seja tarde demais;

Hoje o dia nasceu bem mais cedo,
E hoje o dia nos traz seu segredo,
E andando lado a lado com a dor
Vem o poder de um sábio desejo:

É preciso partir no meio da noite,
E tirar a vida dos cantos da sala;
Mas vou deixar as janelas abertas
E todo dia por você eu esperarei;

Às vezes eu acho que é impossível
Falar de amor sem ver ele sangrar,
Mas espero que ninguém perceba
Que eu nunca sei o que responder;

Com tantas coisas pra se consertar
Não me peça pra ser tão perfeito:
Se todos seguem o próprio caminho,
Por onde é que anda o teu coração?

terça-feira, 8 de abril de 2008

Casablanca

Vamos sair depois da chuva,
Vamos sair antes que acabe,
Um adeus, um salto no escuro:
Pra que o hoje seja de novo o futuro
Há que ter esperanças a humanidade;

Que a tua alma não se perca
No mal a que chamas solidão,
E o que não deixas, é só maldade:
Contra o vento, o tempo de uma verdade
Nos trai a alegria de um falso recomeço;

E o que nos deixe, é só saudade:
De um tempo, de um amor, das amizades,
Dos dias de prazer, depois de tantas lutas,
Da cidade em chamas sob a tempestade;

O que foi que eu disse pra te ver triste assim?
Quem foi que disse que isso era mesmo o fim?
Mesmo você não pode mais acreditar em mim?

Há um longo caminho e há tantos novos riscos:
Da guerra o medo, passamos ao largo do precipício;
A força do destino unirá a ferro e fogo os corações,
E não há mais o que ganhar e nem o que perder;

Há um longo caminho e há tantos velhos vícios:
Gente jovem indo embora, a mesma canção de amor;
Mas no céu de Berlim o sol anuncia um outro verão,
E trará, à luz dos olhos teus, uma razão para viver;


sábado, 22 de março de 2008

Anne

Tudo o que te foi indelicado,
Sumiu na curva do labirinto
Da saliva doce que embriaga
Teus sussurros feito gritos;

E como as sombras na parede,
Com que ensinavas teu filho
A superar o medo do escuro:

Há um lago de águas calmas
Sob esse denso nevoeiro;

Há uma fonte que não seca,
Pra banhar teu corpo inteiro;

E você sabe que pode alcançar:
Dois passos te separam dos teus bens;
Seja livre, sem armaduras ou reféns;

E você sabe que ainda dá pra usar
A estrada de tijolos amarelos;
Todos bem pintados e alinhados;

Caminhando sobre os canteiros,
Por onde é muito mais sossegado;
Depois De Horas

Me conte a tua história,
Me guarde num abraço:
Estamos sãos e salvos
Diante do que nos ausenta;

E assim, sempre quieto,
Tão direto, o nosso horror;
Mas tem que ser assim:
É dividir pra conquistar;

A consciência não tem mistérios,
E em tudo, nem tudo é derrota:
Nos basta ter confiança;
Nos basta ser verdadeiro;

E mesmo o que se vai agora;
O que agüentou até aqui;
O que repara em ti o mal:
Não se foi sem comunhão;
Clarissa

Quando e se aqui você chegar,
Nos teus velhos amigos,
Em você eu quero enxergar
Muito mais do que é oculto;
Um pouco mais que elogios;

Se você passar da portaria
Deste velho edifício,
Aí então eu quero estar
Um pouco mais em paz;
E muito mais concreto;

E se você assim concordar,
Eu juro, eu tentarei continuar
Esta reforma por terminar;

Mas tome cuidado no caminho,
Tome bastante cuidado:
Olhe bem pra onde é que vais;

Mas tome cuidado no caminho,
Apenas tome cuidado:
Saiba bem com quem é que vens;

E se você subir a escadas
Pro teu apartamento,
Do meu jeito eu quero estar
Um pouco mais capaz;
E muito mais por perto;

E se você assim necessitar,
Eu me viro, eu tentarei recitar
Alguma cantiga de ninar;




Luz E Sombras

Não é tão ruim assim
O que você experimentou;

Longe de toda gente e tão só,
As peças - parece que não encaixam
E isso, pra todo mundo é igual;

Mas quem sabe não é
O que você mais precisava;

Agora, em toda parte, o que vês,
Os prazeres - parece que te provam
É isso, teu lugar é mesmo aqui;

E por incrível que possa parecer,
De algum modo eu soube - é assim
É minha a vez de ser eu mesmo,
É minha a voz que ditará o tom;

E andando por aí, sempre tem alguém
Que gostaria de ter tanto quanto você,
A certeza de que tudo sempre acaba bem;

Tudo é tão relativo
Só que você não se importou;
Longe de toda gente e tão só,
As migalhas - parece que elas vencem
E isso, pra todo mundo é fatal;
A Bailarina

E até quando você
Pretende agir assim,
Decorando a tua janela
Com um vaso quebrado?

E até quando você
Me levará contigo,
Sem pedir permissão,
Sem me dar a mão?

Será teu pranto o detalhe
Que não tinha percebido,
Esquecido do que separa
As amizades e a solidão?

Em que pese o “não aceito”
É só você, e não o mundo,
Que te trará melancolia,
E uma dose de nostalgia;

O mundo é teu talento,
É você com seu destino:
O amor em teu semblante
Sempre é o que já foi antes;
Oh!...Louise!

Você quer uma nova situação,
Um outro alguém, sem indecisão;
Mas desande a tua bondade,
É tão fácil suportar o caminhar:
O contrário é a condição
Pra que se possa mudar a direção;

O amor não brota por caridade,
É só o que temos de aceitar:
E eu sou o mesmo de antes
- Um coração -
Um coração pronto para ser ferido;

Veja as linhas da tua biografia:
É a tua vida em cronologia;
Nas páginas azuis do teu diário,
Algumas velhas fotografias;

Mas não te pegues assustada,
Nem mesmo fiques encabulada,
Pois já não movem mais moinhos
Tantas águas já passadas;

Cinema

Veja essas cenas recontadas,
Por tantas vezes reprisadas;
Procure por você ali no meio:
Talvez seja só uma figurante,
Talvez seja a estrela principal;

Procure bem:
Do princípio até subir
Os créditos finais;
O teu nome num certo lugar,
É quase certo, deve constar;

Se você não puder se encontrar,
Há uma sessão extra...Vamos ver;
Só que pra isso nós vamos ter
Que até o fim da fila...Voltar;

Vamos ver uma vez mais,
Recordar;
As legendas vão descrever
O que você já podia prever:

Para o branco e preto,
As cores mais vivas;
Para os lábios mudos,
As vozes conhecidas;

Dezembro
(1999)

Custei o teu endereço achar:
Certo de ser bem recebido
Eu vim sem prévio aviso,
Eu vim sem me anunciar;

Junto à minha intromissão
Eu te trouxe este cartão;
Ele tem em poucas linhas
Um texto que achei legal;

É um meu presente cordial,
É meu presente antecipado:
Logo, logo, será dia de Natal;

E se a chuva não refrescar
A lenta fraude deste verão,
Implorar por outro temporal
Parece o que sobrou, mas não:

Lá no meio da selva de concreto,
No meio de tanta gente reunida,
Um dia, mil anos a mais, por cortesia,
À sua maneira, alguém vai cobiçar;

E depois da contagem regressiva,
O mesmo de sempre vem saudar:
É de novo Ano Novo, vida nova...Viva!

Que boas novas se realizem pra você;
Boas festas, nós nos veremos por aí;
Madeleine

Ela foi pra muito longe,
E deixou um não sei o quê,
Um tanto mais de lentidão,
Um pouco mais que solidão;

E sem reflexo, nem sinal,
Nem do bem e nem do mal;
E o que mais a gente tem,
Pra ter em tudo, o seu melhor?

E o que mais pra gente vem,
Pra ser em tudo, o que não tem,
Pra ver em tudo, o amor maior?

Alguém, um dia, vai te dizer:
É a última página do livro,
É o nosso último verão;
E tudo um dia - verás
Vai se refazer;

Eu é que julgo pra ser livre,
Eu é que peito o meu coração;
É todo dia, é aqui, é agora,
Não vou mais morrer;

E antes que seja tarde,
No chão do meu quintal,
Não, não me impeça mais,
Vai, vamos brincar;

A quem você quer enganar,
Ah! minha doce criança?
Eu não te peço nada demais,
Venha, vamos tentar;

sexta-feira, 21 de março de 2008

Paris, Texas

Imagens vivas num cartão postal
E pra cada face havia um nome,
Mas veja só o que me aconteceu:
Há tempos os anos já venceram,
E ainda hoje riem e fazem graça;

Não era bem isso o que eu queria
Mas nem por isso tudo se perdeu:
Na poeira das estranhas estradas,
Um coração cansado pede carona
Pra chegar mais perto da tua rua;

E seja como for, o que acontecer,
A gente sempre toma como certo
O que soa bem a qualquer situação,
Que faça um pequeno mundo girar;

Será que você entende os maus sinais?
Sinais vitais de um fim de século voraz?
Será que pra você já não importa mais?

Desculpe, mas esse é só o meu jeito
De acreditar que não há o que temer:
E nada que tenha o feito de esquecer
Será maior que a vontade de lembrar;

Mas pra onde quer que eu possa olhar
Me diz por onde é que anda nossa tribo:
Atrás de muros altos? Telhados de vidro?
Soltos pela vida, em paz consigo mesmo?

terça-feira, 18 de março de 2008

Odisséia

Quais são as reais chances
De algo bom te acontecer,
Se você ficar aí parada,
Seduzida por quase nada?

Quantos oceanos pra singrar:
Use a tua imaginação
Pra chegar onde começa o céu,
Pra chegar onde termina o mar;

Tente, ao menos uma vez,
Vamos lá, faça uma opção;
Tente, só mais uma vez:
O destino está nas tuas mãos;

Esta é a última grande jornada,
A correnteza vai te arrastar
Até teu porto e aos teus amores,
Até ti mesma e ao teu lar;

Mas por onde nós andamos,
E com todos nossos planos,
O que ainda vamos fazer
Com o que deixamos de fazer,

É de nossa conta prestar contas,
É de nossa conta o faz-de-conta;
Jornal

Nós só prestamos atenção
Nas fotos mais superficiais,
Em manchetes tão banais,
Com nossa cruel curiosidade;

E na seção de variedades,
Aquelas tragédias pessoais
Parecem ser menos penosas
Do que nossa atual servidão;

Mas o menino grita,

Parado na esquina
- Extra, edição extra, venham todos,
Venham ver -
É mais alguém que assumiu sua sina:
De nascer só pra morrer,

Quase...Meio sem querer;

O horóscopo nunca vai errar:
Que valha nossa remissão,
Se amar é um esporte
Que não precisa proteção;

Mas você jura que só espalham
Por estas folhas...A Ilusão;
Que tem sempre a mesma sorte:
Não será tua...A perdição;
Conversa Sobre Você

A ferrugem do tempo corrói
Teu dicionário de palavras duras,
E aí não podemos mais deter
Os nossos atos em falso,
Mundo afora;

Mas como é difícil te falar
De tudo o que eu já descobri;
Mas como é difícil te falar
Daquilo que eu já me convenci;

O teu coração está acelerado,
Você está toda arrepiada;
O teu espírito está inquieto,
Você está toda arrependida;

Você já passou por isso antes,
O teu pulso está alucinado;
Você já se aqueceu nisso antes,
Os teus braços estão amarrados;

Mas é tão difícil me mostrar
Se é real a tua ferida;
Mas é tão difícil me mostrar
O que é real na tua vida;

Há uma nova corte neste reino,
Outras pessoas tomaram o lugar:
Nós não devíamos mais olhar
Com olhos úmidos para aqueles
Que amamos;
Caravana De Destinos

É uma longa viagem
Procurar por compreensão,
Com a cara e a coragem
De esperar por salvação;

E onde foi que eu errei,
Veio teu erro me apontar:
Qual é o xis da questão;

Somos um na multidão,
E quem te toca num olhar
Também só quer saber
Se não levas a mesma dor;

Eu até já me consolei,
Mas queria te perguntar:
Qual foi a tua conclusão?

Os deuses blefam sem tremer;
Nós teremos muito pra consertar,
Apostando alto só por prazer;

sábado, 15 de março de 2008

Alice Não Mora Mais Aqui...

É estranho, dá pra acreditar?
O que sou eu e quem é você
Não é só aquilo que se vê;
Me diga como vai ser agora,
Que tudo será menos Inverno;

Somos tão crianças,
E no entanto, se foi verdade,
Uma vez posto, não será tirado;
É a mais pura realidade,
É a ambição despreparada,
Eu não escondo:

A liberdade que nos compra,
Também vai nos defender;
E não nadar contra a corrente,
- Não, não, não...Nada feito -
Eu tenho pressa, e não canso
De esperar;

É mesmo assim, das coisas deste mundo,
Quão longe vai o que tão perto está:
Vem das pequenas coisas, idéias geniais;

É circunstância o viver vidas opostas,
E de repente, a qualquer dia desses,
Um ao outro pode ter que procurar;
Passos No Escuro

E você procura por olhares,
Por olhares tão intensos
Quanto os teus;
E qualquer coisa serve,
Mas não vê:

O que é sagrado sem procissão,
O que é vertigem em tentação;

É como estar no topo e contar
Com um até logo,
Um até mais ver;

Com nada mais a nos prender,
E nada mais pra desbravar;

Não há ninguém assim tão sábio,
Sem nada além pra receber
O que realça e nos faz crescer:

Ou eu não desisto de mudar
As coisas,
Ou as coisas é que me terão
Mudado;





Sobre Todas As Coisas

Quanto mais do mesmo vamos ter,
Agora que o estrago está feito,
E não soubemos derreter,
Do excesso, nossa vontade?

Não mascare nossa aliança,
O encontro antes marcado
- Vamos retomar nossa grandeza -

É isso...
E a mais do que respostas,
Quem sabe,
Não há mais nada para nós;

E por descaso,
Tantos fatos singulares;
E do tanto ganho,
Um raro agradecimento;
E a cada lágrima,
Enormes dissabores;
A reclamar,
Ao sairmos perdedores,

E por quem nos deixa só,
O sofrimento;
Na balança, tens o peso,
E os valores;

E que isso combata teu intento;
Pois ou é para todo o sempre,
Ou nunca foi o ser...Amado;

Já que nada flutua ao acaso,
Nem as nuvens, nem o vento:
O que temos ainda a pagar,
É claro que não vai se apagar;
Caminhos Cruzados

Se nada tem explicação,
Ou não passa de miragem;
Se a força que te
move
É impossível de domar:

Dela, eu vou te falar,
E quem sabe me dirás
O que puderes te lembrar;
O que poderia nos salvar;

O recomeço é só o início:
Vamos dar graças,
Vamos comemorar;

Em cada hora,
Um discurso a menos;
E a cada hora,
Um degrau a mais;

E depois dos tropeços,
Enfim, a diversão;
E depois dos delitos,
Enfim, a conversão;

Num estalar de dedos,
O passado já passou;
O amanhã nos concederá,
Mas é fato que só vem depois;

domingo, 2 de março de 2008

Relógios De Areia

Eu preciso de você
- Eu quero precisar de você -
Eu queria não me precipitar
Mas tudo muda, é mesmo verdade;

Eu preciso de você
- Eu quero precisar de você -
Eu queria parar para sempre
O instante que passa tão depressa;

O que mais posso dizer?
Receio ser mal interpretado:
Viver não é uma imposição
- Ilustrar um sono mal dormido -

Então, pra que insistir?
Se querer é ter poder
E o sonho apanha da insônia,
Em termos, é uma contradição;

Eu não vi injustiça à toa,
Mas eu vi a justiça cega;
A estátua de olhos vendados
Nos faz o inocente e o culpado?
Brincar De Viver

Não se obrigue a disfarçar;
As voltas que o mundo dá
Vem denunciar:

Na ordem que rege o mundo
Jamais fomos tão estranhos,
Sem brigas e sem afeto;
Me corrija o teu espanto
- Eu quero despertar -

Por que agora é permitido:
A miséria virou lixo;
Eu vou me apropriar
Do que conseguir limpar;

Eu já nos arranjei
Uma porta nesse muro:
De tudo o que não te contei,
Se eleve o teu conceito;

Só demora um pouco

Até achar seguro;

Só demora um pouco

Até ficar direito;