terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cinco Pessoas Que Você Encontra No Céu

Este trabalho te alimente,
Este lugar que te pertença:
E de tanta coisa que agrade
Teus olhos mudarão de cor;

De quem te pegou a mão,
Mas quem dançava ao lado:
Se vento lento ou brisa forte
Nada mais que peregrinação;

É feito a arte que nos toca
Quem parte sem ir embora:
E de andanças a nossa trupe
É um já selado compromisso;

É entrar em cena sem ensaio:
O mais querer nascer de novo
E viver tudo o que vem depois;

E você fez o seu melhor - então?
Perceba que não tem como saber;

E transformar o rumo das histórias
É fruto que se colhe fora de estação;

E você acorda cedo todo dia:
Quantos verões já passaram aqui
E a gente nem ao menos os notou;

Às vezes parece só imaginação:
Às vezes outro alguém que mostre
O que faz de mim ser quem eu sou;

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dos Acasos

E quando vi escorriam
As manhãs de Domingo:
Sobre mim a velha chuva
E te esperei ao meu portão;

Em não ouvir teu passo
Retardei a menor tristeza:
E foi tão difícil pra manter
Meu equilíbrio em tentação;

Se aprendi a ter certeza
É a maldade que retira-se:
Assim se faz pra convencer
Tornar pacífico tolo coração;

Não - não precise as horas
Que teu sorriso subitamente
Me venha pela porta da frente;

E já no primeiro ato seja exato
Pra limpar o limo do meu olhar;

Nem bem gracejo nem espanto:
E de nossas coisas - com que lutar?

Bom dia, boa tarde - até mais
Suponho que vamos conseguir,
Chegue o mais perto que puder;

Teu silêncio em mim - estrondo
Discorro sobre essa quase agonia,
Um novo enredo que traga alegria;

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Coisas Que Parecem Simples

Parece fácil se perder
O que já era conhecido:
É ter sossego e prontidão
E quase a fé do ser criança;

E não há pontualidade
Ao que fizemos de bem:
E por assim dizer eu rezo
Pro tempo ficar a meu lado;

Quem sabe te ver aqui
Ou nas ruas de Bangkok:
E num momento qualquer
Quem sabe parar de morrer;

Bailam segredos no futuro,
Existe algo que me faz levitar:
É minha biblioteca de memórias;

Sempre falo de você - o que será
Hoje sobre o que são os teus dias?

E do que sinto me alcança o sereno
Tão longe - que já não mais enxergas?

Não adianta um “esquece”
Já nem mesmo fujo de mim:
Repare bem que toda insensatez
É por muito pouco ou quase nada;

Segue adiante sem “prometo”
Há mil maneiras e há sonhares:
Talvez nem sejamos nau à deriva
Ou nosso trem parta na hora exata;

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Passageiros

E foi sem querer
Toda essa necessidade:
O que se toma por penhor,
Como se fosse o prato do dia;

É fortaleza invisível
Toda nobre curiosidade:
O que poderia nos afeiçoar,
Como os girassóis de Van Gogh;

Tão pequenas coisas
E não vou me desculpar:
Das pessoas e dos caminhos,
Tudo o que invadi de suas vidas;

De todos meus amigos,
E todos os amores e amantes
A quem dediquei-me para amar;

E então agora é você
Mas não se culpe que me prenda
- Nem me acuse -

Na mão esquerda jaz o presente:
Um colapso de desejos entre nós;

É pular da borda do planeta:
Milhões de vultos que respiram,
É o ter sentido e pressentimento;

É a via crucis do que nos faz falta,
É o nunca mais uma outra vez mais;

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

17 / 10 / 2010
Preciso de paz...

domingo, 12 de setembro de 2010

Adam & Eve

E tanto faz se paraíso
Ou o subúrbio da alma:
A felicidade mora ao lado
De muros e grades de papel;

Nada mais te machuca
E quem toma conta de ti:
Este sol que bate em cheio
Pra iluminar todos à tua volta;

Você vai querer lembrar
De que filme é este replay:
Há um pássaro em voo livre
Pro teu céu de estrelas fugidias;

É a minha cota de coragem:
Tenho meu coração abalroado
De pretensos pecados perfilados;

Mas o que quer que nos digam
Vê que tudo passa dessa maneira:

Hoje cedo começou uma outra vida,
Reverso em rima e verso de todo mal;

Olho para trás e não é castigo:
Certas coisas apenas se desviam,
E o que era escuro virá tão nítido;

Dobra o tempo nossa história:
Por quantas vezes sempre juntos,
Tantas vezes sempre a nos buscar;

domingo, 5 de setembro de 2010

Charlotte

Nem letra nem música,
E no entanto querias cantar:
Mas quem desarma o teu eu?
Quem usa teu mundo peculiar?

E se traz o mesmo sempre,
Vês o perigo no que é novo:
E iguais tentações nos atraem,
Verdades e mentiras nos trairão;

Vivendo e não pretendendo,
Forte é o que de nós fizermos:
Em cartas, bilhetes, entrelinhas,
Também no que não está escrito;

E passo a passo eu tropeço
Me despeço de você - até mais
Afoito - este desejo nos recolherá;

O de antes adiante se reconhecerá,
Invente uma semana de dias a mais:

Pra matar a nossa sede - coisa doída
Só o que há de ser - vem - ou já chegou

Eu não sei como te explicar,
Quando tudo se dá em segundos:
É a paz sem vencidos e vencedores;

Já não é o preço que se paga,
É o que devemos pra nós mesmos:
Todo esse pensamento e sentimento;

sábado, 14 de agosto de 2010

Do Espírito

Pessoas lado a lado,
Querem o que somos:
Tão avessos ao que temos
E pouco importa a intenção;

É preciso crer valor,
Somos irmãos e irmãs:
Pra quem só é a si próprio
O amar é a parte mais difícil;

E à gravidade assumida
Sempre há uma escolha:
Se não há lugar neste pódio
Então até o próximo instante;

Escuta - a dor já vai longe
Certos dias a tempestade traz
Água limpa sobre os telhados;

Já fomos frases, lei e orações:
Tanto se aprende a ficar sozinho;

Aqui e agora é um voltar atrás:
São todas nossas vidas pra depois;

Há tantas folhas pelo chão:
Sob nossos pés onde pisarmos
Deixe o que seja certo e errado;

Ou talvez até não fique nada:
Mas tudo aquilo que nos iguala
É além do que todos podem ver;

domingo, 1 de agosto de 2010

Ao Silêncio Em Teu Sorriso...

E do quanto se sentir
Disso o mais não tem:
As ruas lotadas de gente,
Um vai e vem desatinado;

Havia uma promessa
Entre os outros e você:
Mas ninguém a entender
Dos teus medos e crenças;

Também errei o rumo
E assim vim a descobrir:
Os teus moinhos-de-vento,
A tua janela mal iluminada;

Eu quisera ter feito à mão
O desenho da tua camiseta,
Estar em volta do teu corpo;

E o futuro a quem pertence?
Venha respeito e cordialidade;


Sei que temos a nós mesmos,
Mais um pouco e estaremos lá;

Se tive muitos planos
Eu não sou mais assim:
Olhe bem na minha cara
Toda essa realidade falha;

Só não posso esquecer
Do que eu faria por você:
As coisas mais simples aqui
Vão nos considerar possíveis;

domingo, 18 de julho de 2010

Pra Depois Daqui...

Mas continuamos perto,
E nunca é só coincidência:
Quem chega só espera ficar
Assim quase que pra sempre;

E pra dizer algo honesto,
Mas não um fato qualquer:
É que nós sentimos sob fogo
Emoções cada vez mais raras;

Nossas raízes estão aqui,
São suas asas que irão bater:
E então me mostra a direção
Pra se escrever um bom final;

Aonde está a outra margem
Para toda e qualquer lágrima
Se transformar em nosso pão?

Quantos rostos se perderão:
Quando se acorda - viveu em vão

É preciso ir ainda mais longe:
E agora estou afeito a teus defeitos;

É como um frágil cristal
Reluz - a agulha no palheiro
Essa é a grandeza da tua decisão;

E talvez até seja diferente
Um dia - a graça de tudo isso
Mas estaremos sempre indefesos;

sábado, 10 de julho de 2010

Wolverine

E contigo e paz e leveza,
Mas nada disso aconteceu:
Perdi a fala e a minha alma

Procura por algum desafogo;

E pessoas e vidas loucas,
Mal tive tempo de respirar:
E por apego de meu instinto
Vi o mundo à minha maneira;

Estes são termos difíceis,
Escolher o melhor pra mim:
E quantos dias amanheceram
Como um outdoor descolorido;

Minha esperança e sacrifício:
Mas agora que já me conheces
Me esqueço o que de ti aprendi;

E se tudo correr bem - verás
Eu desacato os vícios e os passados;

Eu - andei cem passos atrasado
Quase sempre atrás de mim mesmo;

E tantas vezes me mataram
Os meus amores - não morri
Sou outra vez de carne e osso;

E pra você que por aí estava
Minha canção - desconcertada
Sou outra vez o grito e a ferida;

sábado, 26 de junho de 2010

Personagem

A noite está fria,
Sinto a mão dos ventos por meus cabelos.
Os olhos da lua refletindo nos meus.
Fico parada em um transe profundo, causado pela magia da escuridão;
Não posso chamar de trevas, nem dizer que estou com medo.
A única presença que sinto é de uma paz imensa,
Que me toma da rotação mórbida do mundo.
Que me chama para o abstrato, que me leva para o invisível
Por uma ponte que liga esses dois mundos:

O perfeito e o meu.

Se queremos mais por que não fazemos,

Pois temos mãos?
Se estamos insatisfeitos por que não mudamos,

Pois temos livre arbítrio?

Seria porque fazer a mudança exige mais de uma pessoa?
Ou seria porque não somos capazes de mudar?

Chegou a hora, eu cansei.
Finalmente olho para trás, olho o que eu fiz.

Junto tudo em uma porção,
E vejo que essa é - essa foi - a vidinha miserável que levei por muito tempo.
A vida que os outros admiram e,
Que hoje, eu repudio.

Porque gastei minhas forças, conseguindo tudo isso;
Agora que tenho, já sem forças, não posso desfrutar de seus prazeres materiais,
Se é que ainda posso falar essa palavra.

Me recupero do transe, não por completo
Pois não sei se um dia conseguirei isso.

Sento no chão, sinto o sereno e o orvalho

a consolarem-me,
Acomodando minhas costas cansadas.
Meus olhos, cobertos pelas pálpebras caídas.

Minhas mãos,
Mapa de minha própria vida.
Meus cabelos, agora já grisalhos.

Traços do tempo, marcados em uma pessoa.

Quando chegamos a esse ponto
Realmente nos perguntamos:

VALEU A PENA?

Ou vale mesmo é o que estou sentindo agora?

Passei anos tentando comprar a felicidade,
E hoje a descubro nas coisas mais simples.
Coisas que por mim passaram várias vezes e,
Eu não notei.

Não notei que a felicidade me acenava.
E hoje,
Tento contar minha vida a ela.
E ela marca hora.


Poema escrito por Vanessa Abreu Oliveira, uma alma repleta de luz, em 03/10/2006.
Descoberto num desses acasos da vida.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O Carrossel

E às vezes é nada fácil
Porém um dia irá passar:
O ter mais do que é preciso,
Gente feita de dores e apatia;

E há quem nos julgará
O que a paixão sangrou:
O que é aguardo e surpresa,
A bruta razão e sensibilidade;

Medimos forças à toa,
Eu adentrei a casa forte:
É o mesmo lugar de sempre,
Eu ainda sei o que vim buscar;

Seria o que você quisesse:
Não me censure o que tentas
Se me adivinhas em ti mesma;

Este teu amor que aterrissou
É flor-de-liz em terras ardentes;

E já depois de tantas rendições
É teu ventre e berço e recomeço;

Eu me achava tão articulado
Mas me tenta ainda enxergar
A boa semente em um adeus:
Hoje já se foi amanhã já é vem;

E você esteve tecendo ideias
Tão próprias diante dos fatos
Num caderno de recordações:
Sonhos de uma noite de verão;

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Crepúsculo

E tão pequenos erros
E pra se lembrar depois:
Não acreditar no ser capaz,
Um coração por teu vizinho;

É o não estar-se pronto
Que nos vai acontecendo:
De pedra a flor e o espinho,
Cai também nossos domínios;

Porém não se desespere,
Pense em todo teu esforço:
Esse desejo será nossa justiça,
Alguma coisa pra nos confortar;

E dia e noite por noites e dias:
Uma parte é minha nova velhice,
Outra o que os anos não levaram;

E você não viu o sol - ter se posto
E o lado oposto - é o que nos resta

E creio não há morte - voltaremos
Descanse em paz - até a próxima vez

Somos filhos de outras eras:
Dois anjos tortos fugidos de casa,
Dois anjos retomados à eternidade;

E até onde eu esperaria você:
Um telefonema às três da manhã,
Um encontro certo meio ao acaso;

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Carnaval

Saímos em disparada
E nem temos pra onde ir:
Não estaremos em segurança
Se o passado não vela seu lugar;

E do que logo se retira
Respingos em nossas mãos:
Nosso velho catálogo ilustrado
Que sempre é “eu gosto de você”

Era uma possibilidade
Ter andor, passeios e avião:
Quando é que vamos entender
A velocidade do pêndulo da vida?

Abre os olhos e o que nos apanha:
É o sentir que todos os sonhos vêm
Ao contrário de como a gente os tem?

Mas que então se faça troca e troça:
De todo “mal” aquilo que é “insisto”
E já não nos serve mais

É o que nos possa envolver
E não é nada que me contorne:
Eu já colecionei alguns percalços;


E das histórias que se contar
Que seja algo que nos justifique:
Por aqui deixamos nossas digitais;

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Linha Do Horizonte

Quase nenhuma certeza,
Apenas a vontade própria:
Quase uma perversa chance
E alguns instantes de felicidade;

Vieram tardes de inverno:
E ao chá que me ofereceste
Adocei com o que tive à mão
E palavras que não se usam mais;

E era só pra que você visse
Que o que nasce é tua criação:
Há um tanto de mistério e caos
Como os primeiros dias do mundo;

E eu quis minha boca fechada:
Mas o que existe dentro de você
É mesmo menor que os teus passos?

Partiu - pequena grande ilusão
Lá fora - nem sempre se desmente

E agora - onde é que você está?
Aqui - já não brinco mais sob a garoa

Cada um - um jovem desespero:
E me fiz criança como em castigo
Pra assim sustentar minha palavra;

Que não fora só franca promessa:
E que àquele teu caminho sinuoso
Eu tinha a minha esquina pra te dar;

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Rachel

Todo dia o fim do dia
Já ninguém está a salvo:
E foi como aqui chegamos
Certos de que tudo era certo;

Quis tirar do que toquei
O que é corte e acontecer:
Quis fazer então providência
O que pudesse ser bom grado;

Sei que foi por não saber
O quanto dura ser bom par:
Mesmo que nunca se apresse
Tem esguia a silhueta a solidão;

E em meio a corações mutantes
É difícil perceber a maneira de ver
Algo perto do que tínhamos de nós;

Mas o que se é quando não há nada
- Do que se arrepender? -

Só fizemos o que nos foi pedido
- Pra que deixar a vida em branco? -

E agora estou direito,
Melhor sorte do que tantos:
E talvez porque segui sozinho
Eu penso que deveria te contar;

Já me senti menos feliz
Mas há muito o que aprender:
Porque ainda preferimos o ter
Alguma coisa que nos leve daqui;

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Città Più Bella

E talvez se fique:
Seria a única saída
Pra quem está entre
Os corais e o rochedo?

É ter os pés no chão
Pra fazer algo de bom:
E que possa ir embora
Sem ira e nem discórdia;

Roubei um livro teu
Que não posso dissertar
Pois que iria me entregar:
Parece que sempre te amei;

Mas que você apreciasse:
Se todo ontem te persegue
Qual o amanhã se alcançará?

Só não quero que desbote
Os teus sonhos envernizados;

E só por alguns segundos
Teria valido mesmo a pena
Descosturar todos os silêncios;

Mas este lugar ainda em pé
De qualquer forma fica assim
Quando a saudade toma corpo;

sábado, 24 de abril de 2010

Violeta De Outono

E nunca saberemos:
Só porque estava ali
Vi você tão apressada,
Com o ar gelado e puro;

Muito tarde foi saber:
Um erro não se atrasa,
Nos temos em pedaços;

Era nossa habilidade:
E toda essa facilidade
Custou escasso tempo,
Agora vamos com calma;

Acho que pensei dizer:
E só um velho pesadelo,
Eu te dou meu travesseiro;

Basta você me emprestar
Qualquer teu melhor sorriso;

E o que fazer do que tirou
Do meu pensamento furtado?

E como poderia te mostrar
Se te sente uma triste Afrodite?

Pode ser fiquemos só
E do peito brote a busca:
É o que deveríamos lembrar;

Andamos bem à frente
Pra então nascer de novo:
Mas nem sempre é Domingo;

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Das Coisas Deste Mundo

É o que nos tornaria
De um bem vencidos:
O ter algo do que se rir,
O que se faça ter sentido;

Nem sei como estou,
Se partida ou chegada:
A milhas de lugar algum,
Bem perto do teu vilarejo;

O que é ter a certeza,
Como sair do atropelo:
É nunca mais voltar atrás,
É já não ter hora pra voltar?

Queria tanto te explicar,
Às vezes não é por querer:
Qual o juízo que se deve ter?

Quantos amores são heróis?
Estou farto dessa voracidade;

Os séculos rondam o homem,
Eu sou o resto de mim mesmo;

E por ti um certo apreço:
Por toda essa quase cidade
No dorso da tua curiosidade;

E o que - vivo - te atingiria:
Um oportuno outro coração
Com um perfume de alecrim?

sábado, 3 de abril de 2010

Perdidos No Espaço

O princípio e o nada,
Outra vez a mesma via:
A menor fração e o todo,
Até os deuses são vencidos;

É Supernova apagada,
É o prisma da sociedade:
Quem se acha teu melhor
Não reconhece teu esmero;

E é essa a nossa aridez,
Perguntei - quem é você?
Se uma quase Joana D’Arc
Ou a Alice atrás do espelho;

Por ora só estou cansado:
Eu tenho a barba por fazer,
Perdoe-me não ser racional;

É na lealdade a realidade:
É “o concordo” que destoa;

É o recurso que não vem:
Quando é o próximo verão?

Porque a gente é assim:
Até os Senhores da Guerra
Estão sob a mira dos mísseis;

E se salvei meu mundo:
Fiz de você a minha capital,
Também a minha Via Láctea;

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Jardins Suspensos

É coisa tão comum,
É mão que nos embala:
A decisão incondicional,
O quanto se fica chateado;

Foi ânsia de acertar,
Que poderíamos farejar:
A paz que caia imaculada,
Que seja grande o bastante;

Não conte com isso,
Talvez eu até peça ajuda:
Só prestarei mais atenção,
Cartas pra próxima rodada;

Do despojo vem a ferida
- Que já não doam mais -
O grito que a nós esclareça;

Eu sou meu terno preto:
Lenço amassado na lapela;

E se algo há o que trocar,
Apenas um cravo vermelho;

É o que se mostrou
Talvez um teu equívoco:
Eu não sendo ventríloquo
Não poderia falar por você;

E foi o meu despejo
Que nunca teve protesto:
Você reescreveria as linhas
Na partitura de nossas vidas?

sábado, 27 de março de 2010

15 Anos

Foi como te encontrei:
Peixe sem aquário e mar,
Estima que não tem reflexo;

Ah!...Minha doce bailarina:
Te trouxe tudo o que te sacia;

Era Marte e teu sossego:
O confeito nunca perecido,
Velocípede e bolha de sabão;

Tudo o que você imaginou:
Como fomos nos comportar?

Depois de toda pulsação:
Ficou a brisa turva da noite,
Meia parte do meu desapego;

Mas juro...Quero ver
- Nesta nova era glacial -
O teu corpo bem agasalhado;

Temos tudo o que somos
- Aqui -
Carregados sob nossos braços;

E da tua Caixa de Pandora
Diga - o que ainda falta escapar?

Nada tão malcuidado:
E nunca vi nada parecido
Dentro do meu pensamento;

E quieto me veio você:
Prece que não seja em vão,
Cobra o meu sorriso amarelo;

domingo, 21 de março de 2010

A Máquina Do Tempo

Há uma hora atrás:
Cortejei sã sabedoria
Pra a alguém acostumar
Após ter teu redemoinho;

Mais que importante:
Legado ao léu o amor
Que não vira preparado
Te condecora a pretensão;

Mas o que me deparei
Foi um mesmo Fevereiro:
Eu tenho um relógio caro
De ponteiros desacordados;

É um mesmo predicado:
Somos cedo e pouco tarde
Entre velozes e indomáveis;

Tudo está aí - e permitir
Mas se não dá mais?

Uma única questão - viver
Qual a tua disposição?

Sim, tentaremos aprender
Traçar arabescos mais bonitos
Do que as mais extensas avarias;

Sim, buscamos combinação
E mascar tamanha sinceridade
Na colheita de sabores agridoces;

quarta-feira, 17 de março de 2010

Abraços Partidos

E ainda me admiro,
Prelúdio e presságios:
Nossas roupas molhadas
Sem o vento e nem varais;

Um pedido invertido,
O coração em chamas:
E corremos pelas escadas
Porque quebrou o elevador;

E que te incomode:
Há um corte superficial
Bem acima das evidências
De todo esse pesado desafio;

Fez calor depois da chuva:
Mas não estraguei meu paladar
Só pra povoar a minha saudade;

É nossa síndrome de solidão
- Sempre existirá -
Uma nova versão do mesmo fato;

É o resquício adquirido:
Não vou gastar suor, saliva,
A quem só tem tua aparência;

É o querer-se por depois:
É o que não se pode avaliar
Só por uns míseros trocados;

quarta-feira, 10 de março de 2010

Saga

Pois saímos por aí,
O que ficará pra trás:
Os móveis sob poeira
Se nem tudo deu certo?

Será que é fracasso,
Socorro que não vem:
E pouco há por dentro
De cada pequena união?

Mas é claro que não,
Percebi que voltei aqui:
Se velei teus sutis sonhos
É preciso - te convençam?

Revirei minhas gavetas:
Achei selos, fotos, planos,
Prosas - fiz provas de você;

Mal se nasce, se cresce
- Até que se esquece -
Eu sei, já nos vimos antes;

Tantas vidas passadas
Que passaram - passarão
Hoje é só um passo a frente;

Era o que podíamos,
O que mais nos querem:
Nossos dedos na tomada
Pra preencher esta lacuna?

E por que fugiríamos,
Será que nos amargaria:
A casa quente que esfria
E a dor por trás das portas?

sábado, 6 de março de 2010

Feliz Quando Chove...

E então você faltou
Ao que pretendia ser:
E o que ainda te inspira
Te cobram os teus pares?

Tenho contas a pagar,
Também duro trabalho:
Mas sei por que sobrevivi;

Faço um romance noir
Do que versam estes dias;

Não - não me apresse
Uso cartola, uso bengala:
Pareço estar fora de moda?


Que digam “tão estranhos”:
Só não pensam como vocês;

Mais que tudo somos nada:
Intento - incenso que se esvai

Eu não te preocuparei:
Aparto pânico e ocasião
De toda essa engrenagem;

É como ser gato de rua
Que procura por um lar:
De vez em quando é certo;

Tenho meu um universo
Como os sinos as catedrais;

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Melissa

Não por maldade
Mais uma convulsão:
O presente de repente
Que não se pode adiar;

Havia um “não sei”
Era só a impaciência:
Eu ficaria até amanhã,
Eu curaria os teus pulsos;

E morreria por você,
É nenhuma violência:
E se a mim teus medos,
Faria engenho e escravos;

E que esta intensidade
Seja um jeito todo meu
Mas também a insurreição;

Te vi sombra - água fresca
Eu aqueci todo meu abraço;

Desfaço todo meu cansaço:
Deixa amanhecer - dessa vez

E se foi - parte daqui
Como quase um suspiro
Que escapa à condenação;

Eu vi você - passou aqui
Mas hoje eu sou meridiano
Que você já não encontraria;

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Saltimbancos

Mas aqui paramos
Pois alguém semeia
A este baldio terreno
A falsa dor e firme graça;

Já nem sei as horas
E corre a gargalhada:
O meio gesto e o aceno
Ao que se possa parecer;

E qual divina comédia
É justo que reconheças
O drama de nós mesmos;

Nem cortina ou ribalta:
Mais uma vez em cartaz
A ópera bufa das vaidades;

Espectador e expectativa:
Quando a nós será aplauso?

Que um dia possamos ter

Dois corações disciplinados;

Por vezes parece o irreal
- A cada um a sua miséria -
E o piscar de olhos bastaria:

Em todo canto as alegrias
Daqueles que abusam crer
Que até a tola vida é arte sua;

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Finis Africae

Exaustos e ausentes,
E agora da diferença
Já não é o que fomos:
Tão nobres ou vulgares;

Dez crimes e castigo
- Sei não posso resistir -
Mas todo temor atroz
Vira quase Idade Média;

E se resta Inquisição,
Por ti deixo que arda
O impulso e a elevação,
Até mesmo uma verdade:

De ti lavro tal saudade
Pra reler dentro de mim
Quem assim nos repetisse;

Não lastimo o que senti
E tem ainda esta desordem:

Nem culpados nem isentos,
Quem roubou nossa partilha?

É errar por si o outro
O que cega essa gente:
É de crença e conceitos
Que nos pregam a moral;

Esqueças o não fraterno:
Só a nossa própria história
É prefácio do bem e do mal;

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Jerusalém

Perdi toda coragem,

Perdi trinta dinheiros:
E eu já nem sei se o fui
Ou profeta ou apóstolo;

E o que era o prodígio
Agora me tem escasso:
Teu rico lábio redentor;

Que à margem da vida
Não me tinha alcançado;

E toda essa felicidade
Então me era anarquia:
O deleite raso do querer;

Algo fácil de se quebrar
Como estátuas de isopor;

Era de tinta e papiro
O teu recado sublinhado:
Espera...

Melhor assim - um dia
Faremos nossa civilização;

E estamos resfriados:
Quanto falta do que fazer
Pra se cuidar desta doença?

Foi o nosso auto de fé:
Quase um sacro desespero
Por não sermos desonestos;

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Nuvem

Ah! - Despedidas:
Era lava e o vulcão
Se não mais achavas
A origem do teu ideal?

O mesmo de volta:
É força que resgata
O animal extraviado
Quase próximo do fim;

E é maré e rotação,
É a sina de toda raça
O flerte dito um punhal;

Eis a ironia dos acasos
Virando nossa ampulheta;

E toda essa melancolia é
Só fuligem em meu sangue;

No céu do sol,
Também o céu da boca:
Ver desenhos claro-escuros;

É fantasia a que se apega:
Quando há a possibilidade
Ter algodão já não tão doce;

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

E No Entanto, Se Move...

E se aproximar,
É manter a calma:
É ciência ou espírito
Nova segunda chance?

Mal me agarrei,
Agosto ainda frio:
É o terceiro mistério
Tempo hoje restituído?

E o que verteu
Veio de tua aura:
A forma e conteúdo
De todo indócil amor;

E veio de tua alma
E da primeira vogal
A que leio o teu nome;

E o que ganhei
Do que você perdeu?

Mas quem perdeu
Se você então ganhou?

É a renascentista paz
Toda música e luz e cor
Sobre a escuridão;

E também autorretrato
Se as lembranças chamam
Pra um outro lugar;

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Carta À Senhora Da Casa Grande

Eis nossa a soberba
E o que nos dobrará
Faz vivo o rei deposto;

Foi quase a ventura
E da trajetória oposta
E mesmo o sinal fechado:

Eu fiz minha estante
Só às boas lembranças;

Eu fiz rico artesanato
Do que ousastes retirar
Dos porões dessa vontade;

É o diálogo e é a escola,
É o remédio e é a perdição;

É Narciso a descobrir
Que perfeitos nunca serão
Nem mesmo nossos defeitos;

E a letargia virou êxtase,
Tudo tão limpo e arrumado;
De envergonhado então sorri;

Com meu grafite quase findo
A sequência ordenada escrevi:

É tão fácil separar joio e trigo
Aos olhos que não têm vendas;

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um Sino É Uma Taça...Até Ser Tocado

É, meu sóbrio amigo
Até sei o que me falas:
É só às vezes não diviso
Quer terraço ou futuro;

Ela atravessou a rua
A cuidar os dois lados:
Mas eu ainda estou aqui
E já nem é mais feriado;

Aquela banda já passou:
Remendei novos retalhos
No uniforme do destino;

E tapei apenas com barro
As goteiras da velha casa;

Mas e nos poda a razão
- Tanta gente a vagar -
Quem nos mede a solidão?

Sei de corações partidos:
Não são nenhuma raridade;

O resto então é rascunho
E as pessoas por toda parte
Se vestem em tons de cinza;

Cada qual com seu silêncio
E o olhar de quem esperaria
A vida toda por se reinventar;

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Angie

E do que sentiu
De criança - mulher
Fora este o teu dever:
O teu batismo de fogo;

E eu que consumi
A tantos ecos falsos
Justo você avistei ali:
Rebelou meu cotidiano;

E como quem diz
“Em nome do Pai”
Fiz minha a tua sorte
Feito brando beijo dado;

Fiz minha a tua pele
Feito arcanjo então caído;

E assim - se por desejo
Respondi sem ter talento
Não - não era por mim

Desculpe - se te assustei
Só não queria mais terminar
Minhas frases em reticências;

O que está acontecendo:
Mais um capítulo encerrado,
Qual é o próximo comercial?

sábado, 16 de janeiro de 2010

Il Passetto

No final de todo céu
Tem de novo contusão:
Ato contínuo se perder
Porque éramos tão altivos;

Mas foi só ferida rala,
Que revela a proteção:
É fina flor quase nervosa
Todo sujeito e seu adjetivo;

É a terra dos errantes,
É o provérbio assentido:
A este rio que aqui corre
Não verás jamais o mesmo;

E talvez possamos voltar
À matilha que nos abrigou:
Vai agora - sei que é preciso

E a quem nos chama
- Havia melhor caminho -
Qual é o melhor esconderijo?

Percebo agora o sentido:
- Acordei cedo teus perigos -
Seremos donos de nós mesmos?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Tempo E O Vento

Há uma razão,
Mas ao que se dá
Nunca é por querer;

Cedemos nossa vez,
Talvez um outro dia;

E por que não?
É mesmo decente
Nossa face já madura;

Vide aqui vida devida
Seguindo nossos rastros;

E à mesma ideia
Eu estava distraído:
Bondade sua entender;

E depois de tudo isso
Sei - ainda nos pertence;

Se passa - tudo ao redor
Também passa todo mal;


E dê-me qualquer coisa
Mas não venha sem notar:
Que foi tão nato este amar;

Que foi dele todo aquele
Quase um segundo eterno:
Nossa vida à toa pela frente;