sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Nascente

Outra vez
E onde estamos:
Conto ao contrário
Dias, meses e anos a fio;

Estava ali
Mas ninguém viu:
Vida nobre imensa,
A decência a nossos pés;

Eu te amo
E mais não posso:
Tanto ainda somos
Da procura nunca o mal;

E dos escombros
Aflora como plantas
A essência do ser incompleto;

E quem te convidará
Pra de novo ter algum futuro?

Tão exatos e tão incautos:
Tardios amores não são raros
Como as falas de cinema mudo;

Sei em mim
A paz que procurei:
E pra você a mesma luz
Longe de simples certeza;

Direi “é sim”
E soe bem a palavra:
Ou dure ainda que seja
Tatuada com giz de cera;

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

À Menina Que Vendia Sonhos...

Pense...Se há:
É o amor acostumado
- Poucos o sabem -
Não ver horror e ilusão;

Deixa...Vem lá:
Qual um filho pródigo
- Algo tão entregue -
Nos traz remos e canoa;

Não se esconda:
Com teu fresco pranto
- Coisa muito séria -
Te faço represa e lagoa;

E você me levaria a sério?
Quem é que vai te segurar?

Quando tudo o mais falhar
Como é que a gente vai ficar?

Eu sei,
Pra mim não há saída:
Eu beberei a dose de tua mão;

Eu viveria
Bem mais que o fim do dia
Ao lado do teu selvagem coração;

sábado, 1 de agosto de 2009


La Dolce Vita

E assim sem fim
O que faz você aqui
Que já não era tido antes
Como o que é preciso ser?

Ficou para depois
E o depois aqui sorri
A quem for o seu direito
Romper as regras do viver;

É tão tarde da noite
E você não pôde pular,
Mas jogou umas moedas
Dentro da fonte dos desejos;

Então deixe que te siga
- E as horas que nos restam -
Nos prendam e nos percam

Todo pouco é tal riqueza
Por favor: não se entristeça;

E se acaso eu estiver certo
Por favor: não me engrandeça;

Eu vi você partir
- Acho que vou consertar -
E pintar em tela águas-vivas
De toda esta natureza morta;

E se aqui estamos
- Debaixo desta tormenta -
Olhe relâmpagos e trovões
Como detalhe o mais bonito;