sábado, 26 de setembro de 2009

1987

E se teu presente
É um museu de cera,
E resto e estreito não:
Se purifique;

Se o dano causado
For melhor que mentir,
É apelo e sincero pesar:
Que te oriente;

E a vida que arrastas
For o ocaso de um nada,
Teu ópio e singelo furor:
Que te alimente;

E que o gasto se resuma,
Meu corpo sele teu corpo:
Seja isso - consideração;

Que teu seja meu o assombro:
Oh! não - por onde começar?

Que meu seja teu em silêncio:
Sempre - crescer e não querer

E se a tua solução
É um basta nas teorias,
E ruído e intuição pura:
Se concretize;

Se uma foto amarela
For melhor que o sumir,
É álibi e iluminado ardil:
Que se reanime;

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nômades

E feito você:
Esqueci de ajudar;
Ruas vazias e a gente
Em lento ritmo se desfaz;

Olha pro céu:
É o fim do verão;
E mais um grave ato
No grego teatro de Deus;

Reze por nós:
Alguém à espreita;
Liberdade - guerra fria
O que acontece desta vez?

Quem vai, quem volta?
- Não são novidades -
É só uma falta de costume;

Pode ser que até nos parem:
Aonde é que estamos? - agora

E quando você quis sair
De teus sapatos não vi barulho
Porque meu sono era tão pesado;

Mas sinto que você saiba:
Se o vento move as lisas dunas
Um deserto fica no mesmo lugar;

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ariadne

O que temer?
Talvez tua imagem:
E por todos os lados
Um quê de livre-arbítrio;

O que é isso?
Parece tua história:
E de tudo que existe
Um quê de sonho audaz;

E depois disso?
Vai ver - tuas vitórias

Bem que te foi amigo
Na mão que tira a mágoa;

Vai ver - necessidade
Quem foi que te soltou
Do fio que conduz a vida?

Corações são labirintos
Mas garotos não percebem:

Morrer é só até amanhã
E viver é só por alguns dias;

Estivemos bem perto
De sábia velha esperança:
Há vencedores e há vencidos;

Por pouco não chegou
E havia qualquer promessa:
De voltar ao início da partida;

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Estrangeiro

O que vai mudar
O estado das coisas?

Ela teve um rosto,
Tão linda pálida cor;

Eu fui até capaz,
E o que amanheceu:
A mim tudo igual
A lei dos homens sãos;

Eu fui até o fim,
Acho que foi ontem:
Eu tinha um nome
E já nem lembro mais;

E não me importei
- E quem se importa -
Não vai se comportar;

Mas dessa vez - sei lá
Pior então:
É ter ninguém;

E logo você - vem cá
Vou insistir:
Me deixa entrar;

Não é defeito,
Paixões são contrastes:
O mais fácil é abandono;

Nem é desastre,
Destinos nos carregam:
O mais difícil é renunciar;

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ela Chora

Se tão mais terás
Por confiança vem
Será - penso que sei
Mais ameno teu tentar;

E que não vingue
O subitamente vão
Veja - o circo chegou
Há novas atrações aqui;

E da tua morada
Eu preciso retornar
Creia - não te entendo
Mas acreditarei em você;

Se você quis ir além,
Quem ficou pelo caminho
Assiste a tudo e é “tudo bem”

Vai buscar o que é contigo,
Se tão extensa foi tua solidão;

Aqui estou...Aqui estamos:
Absoluta razão que não sentirei
Quando a força do tempo é maior;

É o dom que a alma cura:
Amigos invisíveis que aguardam
Pacientes como Chaplin no final;