terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Paris, 1944

Ah! A quem acreditar
É outro Agosto reposto:
Beber de novo água pura
Que o dano real já passou;

A tarde cinza anunciou
Uma nova voz para guiar:
Quando o amor é um temor
A quem entrega a sua alma;

É tão humano ao partir
Não querer se machucar:
E vai liberta nesta multidão
Que faz nossa cabeça rodar;

A alguns corações a salvo
E lá se vão nossos instintos
E mil voltas a um recomeço;

Deixa...pra lá
Só me estenda a mão:
Mais uma guerra acabou;

E o agora...
São boas e más memórias
Que o futuro tem;

Eu já disse a Deus - perdão
Mas eu sinto pelo que se viu:
O mundo um grande tumulto;

E você disse - ficaremos bem
Mas eu acho que saí andando:
Fui lutar longe de mim mesmo;

sábado, 22 de janeiro de 2011

A Casa Abandonada

Não há mais ninguém
Tão igual ao teu protesto:
E pessoas de contos de fada
Vão fazer de conta que o são;

Quantos anjos já caíram
A traficar sãos sentimentos:
Este meu coração sob chamas
É meu exílio e meu purgatório;

E no peito outra frequência
Mas e o que temos dessa vez?
Vai ver é a dor que se escondeu
Ao ver tinta nova nestas paredes;

Vai ver...

A calmaria atingiu o temporal

A dublar minhas roucas palavras
Ou o beijo que dera à morte vida;

E no teu apartamento - comunhão
Não prestei atenção - mal li o roteiro

Acontecimentos, alegrias - insolação
Cada dia e sua razão - hoje sei por quê

A semana toda ficou para trás
Como uma prece não decorada
E destoa à toa a minha obsessão;

Pensei em você o tempo inteiro
Como uma linha reta não traçada
Que navega cega em minha solidão;