sexta-feira, 30 de maio de 2008

O Sétimo Selo

Há tantas almas por salvar,
Há tanta fome de viver:
Se é pra ter o que não preciso,
Aonde vai a minha estrada,
Até onde vai meu egoísmo?

Você não é mais deste lugar
Mas eu ainda gosto disso:
De te ver sentar perto do fogo
Pra jogar xadrez com a sorte,
Pra fugir da dança da morte;

Mas o que irá nos purificar,
Dos tais pecados do querer:
Será a força do que está escrito,
Será então a farsa por si mesma?

E quais juízes nós vamos ter:
A nobreza de uma nova crença,
A loucura de qualquer proeza?

Andando entre ambos mundos,
O que há de errado na tua voz?
Se não basta, mais uma palavra:
Acha mesmo que está acabado?

Por quantas vezes você flertou
Com coisas simples e a ilusão
De quem te disse ser a verdade
Tudo o que não compreendias?

E quantas vezes você duvidou,
E sem saber seguia em frente:
Sem saber por que acreditava ,
Sentia longo o caminho de volta;



quinta-feira, 29 de maio de 2008

O Ser E O Nada

A vida quase sempre desmente
O que mais se quer acreditar,
Mas nada disso importa no fim:
Na guerra, há paz pra se vencer;

A pressa é pouco pra se entregar
Ao que além de ti alguém verá,
E o que te faz feliz também trará
As flores do bem e o ter razão;

Mas mesmo assim, junto a mim,
O apelo de uma chance tardia,
De se ter uma nova imperfeição
Com o sorriso em teu olhar;

Já que você não pôde ir embora
E como crianças a gente chora,
Reze por respeito e pelo desejo
De ser leal e não crer defeitos;

Às vezes é de amor e de sombras
A felicidade impensada de um tolo,
Mas quem pode dizer o que é certo:

Quem é que vai nos dar as armas,
Quem é que vai nos dar proteção,
Será que ainda vamos ver fascinação?

Estamos às voltas com tantas faltas,
Ideologias, em um planeta em caos:
O tédio e o pavor em cada esquina,
Dias que parecem ter horas a mais;

E há poucos nomes pra você chamar
Ao voltar à praia do que era o teu mar:
Mas mesmo que você ainda demore,
Sempre terá o dia depois de amanhã;

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Tardes Em Viena

E mais uma vez no teu
coração
Aquele sonho em cores abstratas,
Imagens moldadas pelo tempo,
Que nem mesmo ele pode apagar;

Mas se tudo parece fora de ordem,
Um dia você vai parar pra pensar:
A vida, a morte, têm a mesma face
Nos dois lados das nossas moedas;

E você julga que já está decidida,
E não faz justiça se não for vivido;
Eu não sei por que prefere esperar
Que o acaso tome conta do destino;

E de cada estranho que te encontrar
Vai ouvir a mesma história e saber:
Se o amor não tem medo de errar
Quem é você pra tão cedo se perder?

A vida nos entrega e não lamenta,
E o tempo segue sem envelhecer:
Aos dias de ontem, talvez um adeus,
Aos dias de amanhã uma saudação;

Os anos podem consumir a magia
De que são feitos os nossos sonhos,
Mas do sopro sussurrado de um anjo
Saem os compassos de uma nova valsa;

As luzes se acendem na velha cidade,
Nos Cafés vidas alheias passam por ti:
Pra onde é que você vai depois daqui?

terça-feira, 27 de maio de 2008

Joan Of Arc

Não há a quem culpar:
Ninguém pode escapar
Da luta, a fé e o prazer;
Das chamas que ardem,
Sob o signo dos enganos;

Somos mesmo ciganos,
Sempre longe de tudo,
Mas tudo ainda é igual:
Como as gotas de chuva
Nuas nas ruas do mundo;

Mas tudo é sempre igual:
Quem resiste à tua falta,
À tua fala, ao tolo perdão?

Palavras vazias e todos os dias,
Você me fez quase entender
Que viver é sofrer e ver alegria;

Às vezes andar entre loucos
Que nos clamam a verdade
É como estar quase curado,
Lado a lado, no mesmo passo;

E tão bom poder suportar
Se ninguém sabe o que fazer,
Se ninguém sabe o que temer:
Pagar o preço, juntar os pedaços;


quinta-feira, 22 de maio de 2008

Justine

Você foi mais longe e então
Mudou pra não viver em vão,
Mas olhe bem pro que restou
Será que eu vou ter que gritar:

A ninguém cabe tua liberdade,
E o caminho parece o infinito,
O que reclamam tuas memórias
- Saudades do que ficou pra trás? -

Não é inveja, mas o que sinto:
São lembranças que eu tenho
Ou apenas minha imaginação?

Vem me ensinar como é fingir
Ter deixado marcas sem sentir,
Me diz - qual é mesmo a diferença?

A tua casa tem paredes rumo ao céu,
Tuas janelas reluzem vidros de cristal,
Mas teu olhar e teu sorriso sem igual,
Deste lado da rua, parecem com você;

E se você pudesse, tentaria outra vez?
Juntaria as folhas que caem pelo chão
Num mosaico feito de carinho e amor:
Um presente feito pra jamais esquecer?