sábado, 15 de outubro de 2011

Chuva Na Vidraça

Porque tudo se espera
É se ter alguma proteção
E em cada esmola e vitória
Vem sempre o mesmo crime;

E assim pesou espesso
O ar com cheiro de solidão
E quem nos faria tudo enfim
Já não achou mais o que fazer;

Temos estas lembranças
E as lembranças não nos tem
Mas talvez só tenhamos errado
A nossa própria lei e a sentença;

Hoje a maré subiu bem mais tarde
- ondas serenas quebram ao longe -
Hoje sei preciso onde é o meu lugar;

E que mais nada seja igual
- não ter pra onde ir -
Levanta o véu da tua tristeza;

Se fomos loucos e fomos santos
- ainda somos brandos -
Só por ver graça em amar de novo;

Há um quê de tão contínuo
A construir um bom conselho:
Esquece - foi há muito tempo atrás

Que você pense tão impossível
Pois então te dou o que era meu:
Descansa - põe teus pés sobre o sofá

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Atrás Dos Olhos

Tanto perto o tremor
Que a tarde escureceu:
Pra subir até o teu quarto
Precisei agarrar o corrimão;

É atento teu entender
Como vai desaproximar:
De tempestade e terra seca
Duram o que há para durar;

E se num dia qualquer
Chegasse então o futuro:
É ver o erro em perspectiva
Ter que desfazer os porquês;

Sei - não faz sentido algum
Mas - e se eu te dissesse como
Bem - por onde você começaria?

E tantas vezes fiz você dormir
E meu coração ao lado acordado;

E se tivera tido tédio ou temor
- e de bom grado me servia –
Eu me afoguei em tua correnteza;

E se assim nada mais existir
Resta o pedido “nunca esquecer”
Deixa o vento abrir o teu ouvido;

Então me faça forte outra vez
Me mata essa fome “tão distorcida”
Apaga o rastro pra eu não te seguir;