Há tantas almas por salvar, Há tanta fome de viver: Se é pra ter o que não preciso, Aonde vai a minha estrada, Até onde vai meu egoísmo?
Você não é mais deste lugar Mas eu ainda gosto disso: De te ver sentar perto do fogo Pra jogar xadrez com a sorte, Pra fugir da dança da morte;
Mas o que irá nos purificar, Dos tais pecados do querer: Será a força do que está escrito, Será então a farsa por si mesma?
E quais juízes nós vamos ter: A nobreza de uma nova crença, A loucura de qualquer proeza?
Andando entre ambos mundos, O que há de errado na tua voz? Se não basta, mais uma palavra: Acha mesmo que está acabado?
Por quantas vezes você flertou Com coisas simples e a ilusão De quem te disse ser a verdade Tudo o que não compreendias?
E quantas vezes você duvidou, E sem saber seguia em frente: Sem saber por que acreditava , Sentia longo o caminho de volta;
quinta-feira, 29 de maio de 2008
O Ser E O Nada
A vida quase sempre desmente O que mais se quer acreditar, Mas nada disso importa no fim: Na guerra, há paz pra se vencer;
A pressa é pouco pra se entregar Ao que além de ti alguém verá, E o que te faz feliz também trará As flores do bem e o ter razão;
Mas mesmo assim, junto a mim, O apelo de uma chance tardia, De se ter uma nova imperfeição Com o sorriso em teu olhar;
Já que você não pôde ir embora E como crianças a gente chora, Reze por respeito e pelo desejo De ser leal e não crer defeitos;
Às vezes é de amor e de sombras A felicidade impensada de um tolo, Mas quem pode dizer o que é certo:
Quem é que vai nos dar as armas, Quem é que vai nos dar proteção, Será que ainda vamos ver fascinação?
Estamos às voltas com tantas faltas, Ideologias, em um planeta em caos: O tédio e o pavor em cada esquina, Dias que parecem ter horas a mais;
E há poucos nomes pra você chamar Ao voltar à praia do que era o teu mar: Mas mesmo que você ainda demore, Sempre terá o dia depois de amanhã;
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Tardes Em Viena
E mais uma vez no teu coração Aquele sonho em cores abstratas, Imagens moldadas pelo tempo, Que nem mesmo ele pode apagar;
Mas se tudo parece fora de ordem, Um dia você vai parar pra pensar: A vida, a morte, têm a mesma face Nos dois lados das nossas moedas;
E você julga que já está decidida, E não faz justiça se não for vivido; Eu não sei por que prefere esperar Que o acaso tome conta do destino;
E de cada estranho que te encontrar Vai ouvir a mesma história e saber: Se o amor não tem medo de errar Quem é você pra tão cedo se perder?
A vida nos entrega e não lamenta, E o tempo segue sem envelhecer: Aos dias de ontem, talvez um adeus, Aos dias de amanhã uma saudação;
Os anos podem consumir a magia De que são feitos os nossos sonhos, Mas do sopro sussurrado de um anjo Saem os compassos de uma nova valsa;
As luzes se acendem na velha cidade, Nos Cafés vidas alheias passam por ti: Pra onde é que você vai depois daqui?
terça-feira, 27 de maio de 2008
Joan Of Arc
Não há a quem culpar: Ninguém pode escapar Da luta, a fé e o prazer; Das chamas que ardem, Sob o signo dos enganos;
Somos mesmo ciganos, Sempre longe de tudo, Mas tudo ainda é igual: Como as gotas de chuva Nuas nas ruas do mundo;
Mas tudo é sempre igual: Quem resiste à tua falta, À tua fala, ao tolo perdão?
Palavras vazias e todos os dias, Você me fez quase entender Que viver é sofrer e ver alegria;
Às vezes andar entre loucos Que nos clamam a verdade É como estar quase curado, Lado a lado, no mesmo passo;
E tão bom poder suportar Se ninguém sabe o que fazer, Se ninguém sabe o que temer: Pagar o preço, juntar os pedaços;
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Justine
Você foi mais longe e então Mudou pra não viver em vão, Mas olhe bem pro que restou Será que eu vou ter que gritar:
A ninguém cabe tua liberdade, E o caminho parece o infinito, O que reclamam tuas memórias - Saudades do que ficou pra trás? -
Não é inveja, mas o que sinto: São lembranças que eu tenho Ou apenas minha imaginação?
Vem me ensinar como é fingir Ter deixado marcas sem sentir, Me diz - qual é mesmo a diferença?
A tua casa tem paredes rumo ao céu, Tuas janelas reluzem vidros de cristal, Mas teu olhar e teu sorriso sem igual, Deste lado da rua, parecem com você;
E se você pudesse, tentaria outra vez? Juntaria as folhas que caem pelo chão Num mosaico feito de carinho e amor: Um presente feito pra jamais esquecer?