Paris, 1944
Ah! A quem acreditar
É outro Agosto reposto:
Beber de novo água pura
Que o dano real já passou;
A tarde cinza anunciou
Uma nova voz para guiar:
Quando o amor é um temor
A quem entrega a sua alma;
É tão humano ao partir
Não querer se machucar:
E vai liberta nesta multidão
Que faz nossa cabeça rodar;
A alguns corações a salvo
E lá se vão nossos instintos
E mil voltas a um recomeço;
Deixa...pra lá
Só me estenda a mão:
Mais uma guerra acabou;
E o agora...
São boas e más memórias
Que o futuro tem;
Eu já disse a Deus - perdão
Mas eu sinto pelo que se viu:
O mundo um grande tumulto;
E você disse - ficaremos bem
Mas eu acho que saí andando:
Fui lutar longe de mim mesmo;
A Casa Abandonada
Não há mais ninguém
Tão igual ao teu protesto:
E pessoas de contos de fada
Vão fazer de conta que o são;
Quantos anjos já caíram
A traficar sãos sentimentos:
Este meu coração sob chamas
É meu exílio e meu purgatório;
E no peito outra frequência
Mas e o que temos dessa vez?
Vai ver é a dor que se escondeu
Ao ver tinta nova nestas paredes;
Vai ver...
A calmaria atingiu o temporalA dublar minhas roucas palavras
Ou o beijo que dera à morte vida;
E no teu apartamento - comunhão
Não prestei atenção - mal li o roteiro
Acontecimentos, alegrias - insolação
Cada dia e sua razão - hoje sei por quê
A semana toda ficou para trás
Como uma prece não decorada
E destoa à toa a minha obsessão;
Pensei em você o tempo inteiro
Como uma linha reta não traçada
Que navega cega em minha solidão;