terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Kilimanjaro

É sempre uma surpresa
E de você assim se atreve:
O abraço forte que protege,
Branca neve à primeira vista;

Era o caminho e a visão
Que tampouco havia tido:
O erro em graça convertido,
Uma noite em claro redigida;

E pra falar o que eu senti
Fiz roubo as tuas invenções:
Um alfabeto de letras a mais,
A lembrança que seja indolor;

O teu amor chegou - eu ri
Com os sapatos tão polidos:
Colando minha alma na vida,
Tão equilibrado e por um triz;

Aqui é topo de nosso mundo
Aqui - veja - ninguém à procura

É até onde resista nosso fôlego
Então - me explique como estou

Vamos sumir antes que o fim:
Carreguemos este sol diferente
Meio estampado em face a face;

Mas eu acho que não pode ser:
Algumas coisas são mais bonitas
Não tocadas ou deixadas pra trás;

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A Cura

Tão longe e tão perto,
Eis aqui o teu endereço:
Apaga a luz do teu quarto
Só pra ter o mais e o mesmo;

A beleza crua do nascer,
O que de ti furta um olhar:
Uma praia de areias brancas
E uma lágrima que cristalizou;

Tive medo e posso andar,
Sei lá do que os outros são:
Eu sou o mesmo sem querer
E a qualquer distância de você;

A carvão risquei rascunhos
E fiz em teu retrato no cartaz
A ilusão que quis equivocar-se;

E o tanto mais alto que se foi
Antes de a gravidade nos puxar;

Escuta - já que tudo vi passar
Também isso tudo passa - depois

Todos têm seus segredos e sinas:
Mas é que tem essa saudade insone
Que força nossa engrenagem girar;

E bem me quis você pra entender:
Mas se o chão vier se abrir desculpe
Se por um acaso eu fechar os olhos;