quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Linha Do Horizonte

Quase nenhuma certeza,
Apenas a vontade própria:
Quase uma perversa chance
E alguns instantes de felicidade;

Vieram tardes de inverno:
E ao chá que me ofereceste
Adocei com o que tive à mão
E palavras que não se usam mais;

E era só pra que você visse
Que o que nasce é tua criação:
Há um tanto de mistério e caos
Como os primeiros dias do mundo;

E eu quis minha boca fechada:
Mas o que existe dentro de você
É mesmo menor que os teus passos?

Partiu - pequena grande ilusão
Lá fora - nem sempre se desmente

E agora - onde é que você está?
Aqui - já não brinco mais sob a garoa

Cada um - um jovem desespero:
E me fiz criança como em castigo
Pra assim sustentar minha palavra;

Que não fora só franca promessa:
E que àquele teu caminho sinuoso
Eu tinha a minha esquina pra te dar;

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Rachel

Todo dia o fim do dia
Já ninguém está a salvo:
E foi como aqui chegamos
Certos de que tudo era certo;

Quis tirar do que toquei
O que é corte e acontecer:
Quis fazer então providência
O que pudesse ser bom grado;

Sei que foi por não saber
O quanto dura ser bom par:
Mesmo que nunca se apresse
Tem esguia a silhueta a solidão;

E em meio a corações mutantes
É difícil perceber a maneira de ver
Algo perto do que tínhamos de nós;

Mas o que se é quando não há nada
- Do que se arrepender? -

Só fizemos o que nos foi pedido
- Pra que deixar a vida em branco? -

E agora estou direito,
Melhor sorte do que tantos:
E talvez porque segui sozinho
Eu penso que deveria te contar;

Já me senti menos feliz
Mas há muito o que aprender:
Porque ainda preferimos o ter
Alguma coisa que nos leve daqui;

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Città Più Bella

E talvez se fique:
Seria a única saída
Pra quem está entre
Os corais e o rochedo?

É ter os pés no chão
Pra fazer algo de bom:
E que possa ir embora
Sem ira e nem discórdia;

Roubei um livro teu
Que não posso dissertar
Pois que iria me entregar:
Parece que sempre te amei;

Mas que você apreciasse:
Se todo ontem te persegue
Qual o amanhã se alcançará?

Só não quero que desbote
Os teus sonhos envernizados;

E só por alguns segundos
Teria valido mesmo a pena
Descosturar todos os silêncios;

Mas este lugar ainda em pé
De qualquer forma fica assim
Quando a saudade toma corpo;