sexta-feira, 27 de novembro de 2009


Roma

Aqui estamos:
Ascensão e queda,
Quantas vezes acontecem,
Uma vez donos do mundo;

E repare bem:
Ilusão é esperança,
Jogada na arena aos leões,
De quem da vida é passeio;

Mas me lembro:
Nenhuma misericórdia,
Em cada coração o ladrão,
E os assaltos dos caminhos;

Derrubou estas muralhas
O incêndio não combatido
De toda essa resoluta paixão;

Sem espada, sem escudo,
Eu cortejei qualquer perigo;

E sem você - a triste rainha
Me confesso tolo - e acabou

Era a polidez:
Vinho e mesa farta,
Uma legião de bons amigos
Tão alheios ao meu contento;

E teve também:
Liras de claros sons,
Nas ruínas que são tão belas
Sandálias novas sobre o chão;

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Que Horas São ?

E perder
Só se for pra ser,
Há de ter alguém:

E o que se faça
É não sair do lugar;

Estar a fim
Se já não dá mais,
O que quer escutar:

Ah!...Não esqueça,
Ainda te quero bem?

E pra saber
Só ao fim do filme,
Onde o mesmo refrão:

Somos iguais, eu e você,
Sinto muito, mas te amo;

Vamos celebrar:
E pra não estender
Eu já nem existo mais;

Eu sei que já é tarde:
O que poderia ser afinal?






quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Pierrot

E sem querer
Logo ali passou
O que se tramou:
Foi como um condão,
E nada sutil o alvoroço;

Chamado amor
O que se tremeu:
Ela estava com pressa,
Eu fui apenas o mesmo;

E de tão sinceros
Maior preço se pagou,
Antes fato e terror agora;

Começo, meio e fim
Pegue a mão - que vir chegar

Ao que há sempre de ser
Peque o mundo assim - por nós

Já não há glamour
No que era imensidão,
Muito pouco que lhe peço:

Dá-me do teu tempo
O que te possa não faltar,
Que não nos possa superar;

sábado, 21 de novembro de 2009


Cidade Nua

Não posso explicar
De onde vem a causa
Pois o hoje é diferente,
Nada leio em teu inglês;

Palavras dissonantes,
Pés descalços e atrasos,
Me preocupei por você
Que procura boa comida:

Que à alma alimente
Uma espécie de carinho
Sem descrença ou incapaz;

E era eu - foi bom
E amanhã - quem de nós
Será?

Será que vamos sumir
- Obrigado por tudo -
Depois que a chuva passar?

Vem, senta aqui,
Olha pra esta calmaria:
Estava mesmo a seu dispor
Mesmo muito antes de você;

E antes de mim chegou
Quem deu o que podia dar:
Assim como quem nada quer;

sexta-feira, 13 de novembro de 2009


In Versus

Muito bem,
Fomos alto então:
E não mais me achei,
Mais um dia sem mim;

E pra você
Algo qualquer assim:
Do outro lado da noite
Nada além da escuridão;

Vou conseguir escapar
Do esperar a tua resposta?
Vou corrigir a minha sombra:

Metade não quer ir embora,
Metade só pensa em partir;

Ser o choro de uma criança,
Desfilar a vida em avenidas
Sem procurar ao fim;

Recusar o passo ao penhasco,
Dessa vez - teimar em ser feliz

Por favor, entenda:
As coisas são tão normais
Onde a gente se atrapalha;

Pouco é enorme sorte
Ter suave o gosto amargo
Onde a gente se abandona;


quinta-feira, 5 de novembro de 2009


Roda-Viva

É muito tarde,
Me contava você:
Era um leve cochilo
E sonhei estar de volta;

Mas olha agora
Pra o que você vê:
Erros em baixo-relevo
No poder que se abusa;

E hei de soletrar
Se acaso esqueceu:
Tão adverso é o brilho
Tido certo que se impõe;

E venha de encontro
O inverso que equilibra
A vida que logras ser boa;

Mas quem retomará?
Tão terreno é o perdão
E toda entrega e mutação;

Já não há o temor servil
No amor que nos quer um;

Ei, colore o que você tem,
Frente faça aos imprevistos
Que um dia nós saberemos:

Aqui nesta Torre de Babel
Pessoas sempre são pessoas
Só o que muda é um coração;