sábado, 22 de novembro de 2008

Todas As Manhãs Do Mundo

E se você dormisse,
E se teu sono revelasse:
O cansaço de teus lábios,
Quem chega indo embora?

E que você sentisse
Tanta falta e acordasse:
E fosse como outras vezes,
Que fica difícil de respirar?

Será que vai acontecer
Quando tudo nos levar
Além-mar em novos sonhos?

E quando tudo aportar
Na ilha de um amor-perfeito?

E você sempre a pedir
Quase o mesmo até o fim,
Ainda não consegue ver:

Perder a vida num segundo
É o alto preço pra quem ama;

É a verdade que se entrega
Nas mãos de quem se devora;

Acenda todas as luzes,
Não há nada errado aqui:
De tão fácil é complicado
Que a gente nunca aprende;

Já não podemos parar
E nada vale uma traição:
Às vezes não se pode evitar
Um certo ar de quem desiste;

domingo, 9 de novembro de 2008

Elegia

Acho que era o não saber:
Eu quis ser senhor de mim
E me perdi em idéias e ideais,
Ou por qualquer meia ilusão;

E se não era por merecer,
Eu tentarei me acostumar:
Pois se o acaso nos assombra,
O que é que poderia ser pior?

De meus amigos e amores
Me sobrou a lei mais forte:
O tempo não anda para trás
Quando tudo o mais mudou;

E aquele garoto do retrato
Agora tem uma outra chance:
É uma nova vida já tão velha;

Mas o que é feito de você?
Do que é que você foi feita?
O que fez com o que de ti fizeram?

Eu não esperava me importar,
Mas não aprendi como se esquece:
Será que vai ser assim - pra sempre?

Acho que ainda é um querer:
Eu quis ver e reter você aqui,
Eu me sinto cansado de mentir
Pra que me achem sempre bem;

Mas então venha o que vier,
Há tantos vazios a preencher;
Boas e más pessoas no caminho:
Poucos sabem do que nos falam;