sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Beatriz

Se não há nada ao redor
É que algo já não vai bem:
Veja o que de mim sobrou,
O que sou em tua memória:

Sou um homem comum
Vivendo um dia incomum,
Seguindo lento na multidão
Que não vê flores no asfalto;

E através da rua principal
Eu leio os anúncios de neon:
Em nenhum o que buscava,
Como um Dante no inferno;

Quem é teu guia?
Sempre adiante - o que te leva?
Os que despertam são amores:

Que vêm e vão e nos socorrem,
Que vêm e vão e nos condenam;

Aqui no meu esconderijo
Da porta a chave se perdeu,
E ela lá fora ainda em espera
Como quem diz - queria viver

Sei...Estou meio atrasado,
Aperto os passos no escuro:
Aceso o fogo-fátuo da paixão
Do que sinto não verei objeção;

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Man On The Moon

Qual era o nome da cidade,
Quantos eram os teus amigos?
Olho o relógio, é sempre tempo,
Mas à vezes é um lapso de solidão;

E numa bela tarde de Abril
Chegou o Outono e a tua vida,
Sem adeus, seguiu em seu cortejo,
E por aqui ficou tudo como antes;

É só depois de tudo pronto
Que se tem certeza do que se trata,
Que se salta o abismo do não falar;

Eu vivo agora o que é o meu presente,
Mas guardo em mim o que sempre fui
A respeito do que você costumava ser;

Você com sua ânsia de viver
Chegou até onde podia chegar,
Não me pergunte ou se decepcione
Do por que das coisas serem assim;

Você foi alguém pra outro alguém,
E do fascínio teve fruto teu desejo,
E não importa se por alguns segundos
Ou pouco menos do que muitos anos;