sábado, 21 de junho de 2008

Vozes

Como é ter os pés no vazio,
O que é que te tira do sério?
O que fez a tua consciência
Ser tão surda a tantos gritos?

Um brilho estranho ao olhar,
Quer pro nada, pra ninguém,
Traz à tona o que é capricho:
O ter além do que não se quer;

Quase nada, qualquer alguém,
Em cima de uma corda bamba,
É como gelo posto pra derreter;

Certas coisas que nos perdem
Às vezes são idéias que se calam:
Apareça - que hoje eu vou estar
Um pouco mais quieto e te ouvir;

E por vezes são desejos intactos:
Então espera - não demora
E esse silêncio vai se consumir;

sábado, 14 de junho de 2008

Marianne

Vem, venha mais perto
,
Aqui não tem ninguém;
Vem mostrar se de fato
Você guarda um encanto;

E que a gente ainda usa
As mesmas velhas roupas,
Pra abrigar imensos atos,
E sorrir sem fazer de conta;

Vem, o que nos toma são
Ecos de uma vida passada,
Que amarram fortes laços,
Que de novo nos abraçam;

E se teu corpo nos acolher
Ficará a solidão extraviada,
E das mágoas se fará conforto
Pra exaltar a nossa redenção;

Não vá embora:
Aonde você quer chegar?
Não peça as horas:
Que amar não te atrasará;

Quando se perde o controle
É tão fácil ser outro alguém,
Mas não faça disso um vício
Pra ter em alta conta tal poder;

E de ouvir mal ditas palavras

O nosso barco à vela espera
Que hoje a maré seja a favor,
E que nos leve pra outro lugar;

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Amores Distantes

E até onde você deveria ir,
Fazendo marcas no asfalto
Com as pessoas agora presas
Em belas, velhas, fotografias?

Quantas coisas por merecer,
Voar mais alto que o chão:
E desse jeito, quase sempre,
Ninguém consegue nos achar;

É o que da vida se cumpriu
Pra tornar calmo o descuido,
Como num fim de tempestade;

Mas se você percebeu antes,
Não se incomode - eu entendo
Não pare pra ouvir de alguém:

Não quero ver você longe daqui,
Eu não queria ser você sem mim;

Este é o agora de nossas vidas,
Pra de novo termos e sermos
O que dela nós já perdemos;
Pra de novo sermos e termos
O que ela de nós ainda espera;

E como leste no livro que te dei,
Somos feitos de barro e coração:
Basta apenas que exista um sonho
E a vontade de dar asas ao sonho;

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sonata De Agosto

Era tão nosso
O que se foi:
Está sem atenção
O que era especial;

E será que vai
Valer a pena,
Se muitas vezes,
Barcos ficam à deriva?

E dia após dia
É sempre igual:
Nada muda por aqui;

Você até tentou
Mas não conseguiu:
Eu ainda lembro de você;

Então o que nos resta
É a falta do que nos consome;

Algo assim tão raro,
Como espelhos sem imagens;

Eu não vi você partir
Nem pra onde você foi,
E se era pra ser, venham
As cores e dores do amar;

E que entre elas tenha
Uma tarde ensolarada,
Que sempre te aqueça
Assim que o frio te visitar;

Eu quero que você saiba:
Eu sempre olharei por ti,
Eu sempre olharei para ti;

terça-feira, 3 de junho de 2008

Labirintos Urbanos

A porta aberta,
Tinha mesmo que ser assim?
Os lábios mudos,
Eu não sabia que eram meus;

Qual é a prece
De quem te leva pelas mãos?
Olhe pros lados,
A lua dorme pro sol nascer;

E o mais difícil
É o ser feliz quando se quer,
O que há de errado,
Se não há mais nada a fazer?

E pode ser:
Que a desordem dos teus beijos
Traia a honra e o sentido;

Não importa:
Que o vestígio dos teus passos,
Eu não siga tão de perto:

A tua pele, o teu suor, a tua alma,
São minha sombra neste deserto;

Ainda há tempo,
E com você o que é que virá?
Eu ouço boatos
De que os anos te cansaram;

E um recomeço
É um teu anseio não chorar;
Não pare agora
Que grama cresce sob pedras;